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70 Anos do Jornal Pequeno na Passarela do Samba

Império Serrano mostrará ainda o gênio criativo do jornalista Ribamar Bogéa No Cafezinho, Zé Birita, etc.

O que poderemos esperar da Escola de Samba Império Serrano, com o enredo 70 Anos do Jornal Pequeno, Doa em quem Doer, na Passarela Chico Coimbra, no carnaval de 2022? A pergunta, atirada de supetão, ontem, pela Reportagem do JP Turismo (semanário do Jornal Pequeno), foi respondida, na fumaça da pólvora, por quem entende do riscado, o design e carnavalesco da agremiação, Wilson Bozzó, que parecia estar com a resposta preparada na ponta da língua: “Em 2022, a Império Serrano mostrará um enredo irreverente tanto conceitual quanto estético. A história dos 70 anos do Jornal Pequeno será desenvolvida dentro de uma linguagem contemporânea das artes visuais, quebrando tabus sustentados pelos conceitos da estética tradicional, de maneira a imprimir novas formas do fazer criativo e sustentável, valorizando ainda mais a beleza e a riqueza do nosso carnava!”.

A imortalidade do Jornalista Ribamar Bogéa: Na Passarela do Samba, ao lado do Povo? - Charge: Caju
A imortalidade do Jornalista Ribamar Bogéa: Na Passarela do Samba, ao lado do Povo? – Charge: Caju

Com pesquisa e autoria do enredo por Nélio Silva, Nayla e Bozzó, eles se responsabilizaram pela apresentação da sinopse do enredo aos interessados em compor o samba alusivo, em forma de editorial, bem criativo, sem dúvida: “Editorial — O século XXI nasceu numa sociedade baseada na informação. No mundo de hoje, o grande jogo do poder se dá na mídia. Nesse contexto, essa mídia — e sobretudo a imprensa assume, antes de mais nada, um papel social de altíssima responsabilidade e que deve ser exercido com absoluta transparência sob pena de ameaça à democracia e aos direitos de cidadãos por conta de etnia, credo, grau de instrução, posições político-ideológica a que pertençam”.

O diretor Nélio Silva enriqueceu com o carnavalesco a sinopse do enredo – Foto: Divulgação
O diretor Nélio Silva enriqueceu com o carnavalesco a sinopse do enredo – Foto: Divulgação

Aí o alto-comando arte visual da Escola do Monte Castelo entrega todo o ouro de quanto mais cedo todo mundo saber, melhor: “O enredo Setenta Anos do Jornal Pequeno, Doa em Quem Doer, a ser desenvolvido pela Escola de Samba Império Serrano, no carnaval de 2022, é composto de dois quadros, o primeiro que simboliza o jornal impresso em papel e o segundo que faz referência ao momento atual da Era Digital. Esse patrimônio histórico, político e cultural da sociedade maranhense, foi idealizado e fundado no ano de 1951 pelo jornalista José Ribamar Bogéa, também conhecido como Zé Pequeno. Bogéa nasceu em 18 de setembro de 1921, trabalhou no comércio de tinturaria e de secos e molhados. Depois em 1937 empregou-se no jornal O Globo e O imparcial até criar o seu primeiro jornal O Esporte, em 1947, que originou o Jornal Pequeno e que recebeu esse nome por ser realmente pequeno, pois suas páginas tinham dimensões de apenas 30x22cm. Hoje, o Jornal tem tamanho normal de 58×38 e é dirigido pelos filhos Lourival, Josilda, Ribamar Filho, Luís Antônio, Luís Eduardo, Gutemberg e a matriarca da família, D. Hilda Bogéa.”

O carnavalesco da Império Serrano, Wilson Bozzó, promete um desfile irreverente e bonito – Foto: Divulgação
O carnavalesco da Império Serrano, Wilson Bozzó, promete um desfile irreverente e bonito – Foto: Divulgação

Prossegue o editorial: “Com um perfil independente, o JP tem se caracterizado como um guardião do povo. Sereno e coerente com a sua linha editorial, cumprindo o papel substancial com a verdade dos fatos, pois seu compromisso com esta, é a sua lei, nunca permitindo que os fatos fossem burlados, o que gerou descontentamento por parte das famílias Sarney e Vitorino Freire que por décadas passaram a ameaçar e perseguir o Jornal Pequeno no intuito de torná-lo extinto. Para abrilhantar e celebrar essa preciosa data festiva, nós da Império Serrano, desenvolveremos um enredo pautado na fidelidade das notícias publicadas durante esses 70 anos do JP, de maneira a contemplar os diversos Cadernos/Páginas deste matutino, onde enfocaremos as mais variadas notícias que perpassam pelo Editorial e pelos Cadernos de Cultura, Economia, Saúde, Esporte, Humor, Política, Polícia, Turismo, Cidade, etc. Mostraremos um desfile leve, histórico e atual, onde exploraremos cada elemento das linguagens escrita e cibernética utilizada no mundo da imprensa. Como bem diz o hino do JP “…jornal que diz verdades é o Pequeno/ jornal que tem coragem é o Pequeno/enfrenta os poderosos é o Pequeno / jornal das Multidões é mesmo o Pequeno…”

Mais trechos do editorial: “Num segundo momento, mostraremos um jornal atualizado e incorporado com a linguagem da Era digital. Veremos as notícias massificadas pelas redes sociais numa espécie de guerra existente entre o poder das verdades versos as fack news impostas. Sem muitos rodeios, assim como o é o JP, aqui vale e deve-se brincar com as coisas sérias, transformando-as em lúdicas, doa em quem doer, afinal chegou o carnaval e nessa luta do bem contra o mal vence a vacina. JP significa Jornal Pequeno – Língua de Trapo, Zé Birita e Dr. Peta: Personagens do caderno de humor: -Doa em quem doer: Mote usado pelo Jornal Pequeno.

Ao lado de Nélio Silva, D. Tereza Viana, fundadora e baluarte da Império Serrano, ao microfone, animando os bambas da agremiação  – Foto: Divulgação
Ao lado de Nélio Silva, D. Tereza Viana, fundadora e baluarte da Império Serrano, ao microfone, animando os bambas da agremiação – Foto: Divulgação

Regulamento do Concurso do Samba — Para participar do concurso de samba de enredo G.R.E.S.I.S – As inscrições poderão ser realizadas no período de 10 de setembro de 2021 a 13 de outubro 2021,  na sede da Escola de Samba ou através do e-mail neliops@terra.com.br, até às 11h59min, do dia 13 de outubro de 2021. 2.2.1 – Os compositores devem apresentar: a) Gravação, não obrigatória, do samba em CD e/ou pendrive em formato mp3, podendo ser a capela ou com arranjo musical com boa qualidade audível; b) 5 (cinco) cópias da letra do Samba de Enredo, em caso de inscrição presencial; c) Formulário de inscrição devidamente preenchido e assinado.

Da forma mais poética — As composições deverão ser construídas de maneira alegre, descontraída, com muita empolgação, refrões marcantes e “forte”, enfim da forma mais poética possível, não sendo longas demais.

Da premiação — O primeiro colocado terá direito a uma premiação no valor de R$ 2.000,00 e certificado de participação. A premiação será paga logo após o Governo do Estado ou Prefeitura Municipal de São Luís disponibilizar a primeira parcela do cachê para a escola.

Data do Concurso— O concurso será realizado no dia 16 de outubro de 2021, a partir das 20 h, em frente da sede da escola, na Av. Luiz Rocha (Monte Castelo), obedecendo às normas de segurança sanitárias, evitando a propagação da Covif-19.       O que disse o poeta Bernardo Almeida sobre Ribamar Bogéa — Contemporâneo de Ribamar Bogéa, o poeta, radialista e cronista.de mão-cheia, Bernardo Coelho de Almeida, acompanhou bons momentos da luta homérica do criador do Órgão das Multidões e publicou um dos textos mais alterosos a respeito, sob o título Valeu, Cara! Num dos seus trechos, ele resplandeceu assim: “(…) A história do combativo Jornal Pequeno tem algo a ver com o silêncio importuno da lacuna na época existente em nossa imprensa, com a falta de um jornal circulante nas manhãs de segundas-feiras. Ribamar Bogéa descobriu isso, com garra e faro de repórter. E foi um sucesso! Pouco depois, o seu Jornal Pequeno se transformava em termômetro de aferição da temperatura da opinião pública, em São Luís, no porta-voz dos humildes e injustiçados; no algoz das autoridades arbitrárias e dos criminosos. Tornou-se de uma popularidade incrível, no “pão nosso de cada dia”, de operários, comerciários e donas de casa. Certos crimes, tal como o famoso Crime do Itapiracó, motivaram tanto sensacionalismo, nas páginas do Jornal Pequeno, quanto os tipos e quadros inesquecíveis: O Certo e o Errado, O Língua de Trapo, O Foguete à Lua. (com os candidatos derrotados às eleições), A Lista Anual dos Mais Chatos, A Grande Mentira do 1.º de Abril.— frutos de seu talento genial. Valeu, Cara! Valeu mesmo, confrade Ribamar Bogéa, seu Jornal Pequeno terá sempre um lugar cativo na primeira página do Jornalismo Maranhense!”

O jornalista Djalma Rodrigues (na foto, com o confrade jornalista Cordeiro Filho) fez uma pequena viagem do legendário jornalista Ribamar Bogéa (Zé Pequeno), na Imprensa timbira e no folguedo  – Foto: Divulgação
O jornalista Djalma Rodrigues (na foto, com o confrade jornalista Cordeiro Filho) fez uma pequena viagem do legendário jornalista Ribamar Bogéa (Zé Pequeno), na Imprensa timbira e no folguedo – Foto: Divulgação

Zé Pequeno: jornalista de fibra e grande festeiro — O jornalista Djalma Rodrigues não o deixou por menos: José de Ribamar Bogéa, o Zé Pequeno, foi um homem extraordinário, sem dúvida nenhuma. Além de ser o criador do combativo e respeitado Jornal Pequeno, era um grande festeiro. Tive a honra e o privilégio de ter sido seu interlocutor. Muitas vezes passava um bom tempo em sua companhia no estúdio que montou no prédio do JP, escutando as paródias que criava e que eram transmitidas durante a madrugada pela Rádio Globo do Rio de Janeiro. Trocamos muitas ideias durante generosos goles de cerveja no extinto Abrigo da João Lisboa. No Carnaval de 1991, consegui convencê-lo a ser o destaque da Ala de Imprensa da Unidos de Fátima, ano em que fomos campeões com o enredo Soy Loco por Ti América, de autoria do inesquecível Chico Coimbra. Zé Pequeno fez a diferença. Um retrato sem retoque da alegria. Do alto de um carro alegórico, fez a torcida da arquibancada delirar. Chico Coimbra lhe fez uma fantasia diferente e combinamos que iria apanhá-lo no Jornal Pequeno às duas horas da madrugada. Nosso desfile seria uma hora mais tarde, na Passarela do Anel Viário. Cheguei 20 minutos antes do combinado. Buzinei e seu neto, Vinícius, botou a cabeça na janela do prédio, na lateral da Rua Henriques Leal, dizendo que ele já tinha saído. O encontrei cantando o refrão do enredo, acompanhando o sistema de som que colocamos na concentração. Estava vibrante e muito emocionado. Essa é uma das lembranças que guardo com carinho do nosso saudoso e eterno Zé Pequeno. Um homem que marcou época pela combatividade jornalística e a alegria do festeiro!”

Toda pérola é notável! — Na letra do samba-enredo A Ilha Rebelde, que compus para uma agremiação portentosa, em certo carnaval daqui, em que num domingo tive só 10 e, no outro, garfaram-me, no concurso, com as notas mais baixas, para eu não ganhar, estava um verso que achei mais coerente com o jornalista Ribamar Bogéa: Toda pérola é notável! Era também lembrança ao seu acolhimento a artigos meus que ele publicava no Jornal Pequeno, eu egresso da Faculdade de Comunicação Social (Jornalismo) da UFMA, com que ele sentenciava: “Meu jovem, não poderá ser publicado toda vez, pela linha do jornal”! Eu só podia agradecer, até hoje “Certo, mestre!”

Texto: Herbert de Jesus Santos

Fonte: http://jpturismo.com.br/70-anos-do-jornal-pequeno-na-passarela-do-samba/