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Como profissionais da educação podem diminuir a evasão escolar

Estudiosos indicam alternativas para enfrentar problema e salientam importância de integrar estudantes em todas as etapas de processos de aprendizagem

(crédito: divulgação istock)

Os números de um estudo divulgado pelo movimento Todos pela Educação, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dão a dimensão do abandono e da evasão escolar no país: em 2018, cerca de quatro em cada dez brasileiros não tinham concluído o Ensino Médio. O mesmo estudo revelou também que 62% dos jovens ouvidos não frequentavam mais a escola e 55% não tinham chegado nem a completar o Ensino Fundamental. Com estes números alarmantes, como fazer com que os estudantes continuem frequentando as salas de aula?

O primeiro passo para responder a esta questão é aprender a diferenciar o abandono e a evasão escolar. O primeiro acontece quando o aluno abandona os estudos durante o ano letivo, e o segundo ocorre quando um aluno não realiza sua matrícula para a continuidade dos estudos. Segundo o Censo Escolar de 2017, o 1º ano do Ensino Médio é o líder no ranking de abandono escolar. A porcentagem de reprovados é de 15,8%, e os que abandonam o período chegam a quase 8%.

O segundo passo é o engajamento da equipe escolar multidisciplinar no processo de aprendizagem dos alunos, entendendo seu contexto sociocultural e garantindo o prolongamento dele na escola. Quando a escola se afasta das necessidades dos alunos, abandonando todo o contexto da comunidade em que ele está inserido, não são os alunos que abandonam as escolas. São as escolas que abandonam seus alunos.

A evasão e o abandono escolar podem acontecer por inúmeros motivos – desde problemas de aprendizado não diagnosticados, bullying, até dificuldades familiares e/ou financeiras. Gestores e professores precisam se manter atentos ao comportamento dos alunos, identificando esses problemas e elaborando soluções possíveis e praticáveis para manter os alunos dentro do ambiente escolar. Para alunos com problemas de aprendizado, é possível sugerir uma aula especial de reforço, para que eles possam tirar as dúvidas sem muita pressão e sem as distrações de uma sala cheia. Se a escola for particular e o problema for financeiro, é possível evitar o abandono oferecendo uma bolsa de estudos.

É mais do que necessário que os gestores e educadores, sejam eles de escolas privadas ou públicas, se comprometam com a elaboração de políticas que fortaleçam os laços entre os alunos e a escola. Criar pequenos grupos de apoio para os jovens que mais precisam dessa rede de cooperação não é um papel exclusivo do professor. É essencial pensar o sucesso escolar de modo generalizado e sistêmico. Não dá para responsabilizar apenas os educadores ou as famílias. Para que os projetos funcionem e os alunos continuem engajados com o ambiente escolar, é preciso ter profissionais muito bem preparados e a colaboração das secretarias de educação de cada cidade. Para fazer parte desta mudança, as pessoas interessadas podem entrar na discussão, através de concursos, como o concurso SEDF, para pensar um novo modelo de ensino para o Brasil.

As falhas podem estar interligadas com a má gestão dos recursos ou com uma falha na comunicação entre a administração e o corpo docente. É importante conseguir identificar o que faz com que os alunos se desliguem das instituições.

Os anos de 2020 e 2021 foram atípicos para os educadores e também para os alunos, e trouxeram novos desafios para a gestão escolar. Os gestores precisam lidar com novas responsabilidades, como a transição para as aulas presenciais e o reconhecimento das necessidades de reposição de alguns conteúdos com os alunos.

Despertando o gosto dos jovens pelo aprendizado e fazendo com que eles tenham um sentimento de pertencimento para com a comunidade escolar, é possível combater o abandono e a evasão. É necessário fazer com que a escola pare de ser vista como um espaço obrigatório, mas, sim, como um espaço atrativo, agregador e, principalmente, como um espaço para trocar experiências e para ser ouvido.