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Corpo de Nelson Freire é enterrado em Boa Esperança

Foi sepultado nesta quarta-feira (3/11), o corpo de Nelson Freire, no cemitério municipal de Boa Esperança, mesmo local onde encontra-se o túmulo dos pais do pianista mineiro, que faleceu na madrugada de segunda-feira (1º/11). A passagem de Nelson Freire foi marcada por diversas homenagens de artistas locais e autoridades. O subsecretário de Cultura, Maurício Canguçu, representou o Governo de Minas durante o velório do músico mineiro.

O corpo de Nelson Freire saiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro na manhã do dia 3, em direção a Varginha e, em seguida foi transferido para Boa Esperança durante um trajeto com cerca de 70 Km. O translado foi feito pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais. O velório foi realizado Clube de Esportes de Boa Esperança, onde uma série de homenagens marcou a despedida do artista.

Para Maurício Canguçu, uma lacuna se forma no cenário artístico nacional e internacional com a partida de Nelson Freire. “Ele era um dos maiores pianistas do mundo, um gênio no que se propôs a fazer. A passagem de Nelson deixa uma lacuna gigantesca no mundo das artes e uma tristeza maior ainda. Nelson Freire não morreu, ele apenas mudou de estágio. Sua obra e seu talento permanecem, fazendo dele um imortal”.

O pianista Nelson Freire morreu aos 77 anos em decorrência de uma queda na própria casa, no bairro do Joá, região Oeste do Rio de Janeiro. O corpo do músico já havia sido velado na terça-feira (2) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, palco que já recebeu diversas apresentações de Freire ao longo dos anos. A última vez que o artista realizou um concerto na capital fluminense foi em 2018.

Nelson Freire nasceu em 18 de outubro de 1944 em Boa Esperança. Começou a tocar piano aos três anos de idade. Aos 12, foi para a Europa, onde estudou mais sobre o instrumento e, em pouco tempo, se tronou um dos melhores de sua geração. O talento do músico conquistou os críticos europeus, e Freire passou a se apresentar as principais orquestras do mundo, sendo um dos grandes intérpretes de Beethoven e Chopin.

Durante sua carreira recebeu diversos prêmios e distinções, entre as quais destacam-se as de Cidadão do Rio, Cavaleiro da Ordem do Rio Branco, Medalha Pedro Ernesto, Cavaleiro da Legião de Honra da França, Comandante de Artes e Letras da França, Medalha da Cidade de Paris e da Cidade de Buenos Aires, além do título de doutor honoris causa da Faculdade de Música da UFRJ.

Em Minas Gerais, o artista fez do palco do Grande Teatro do Palácio das Artes um local especial para sua música e se apresentou em diversas oportunidades com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, em importantes concertos em Belo Horizonte. Uma das apresentações mais marcantes do artista no Palácio das Artes foi em um recital realizado em 1967, em apoio à conclusão das obras do teatro.

Silvio Viegas, regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, teve o privilégio de trabalhar com Nelson Freire, quando exercia o cargo de diretor artístico da Fundação Clóvis Salgado. “Ainda não consigo mensurar a perda do Nelson Freire. Foi-se embora uma lenda, um poeta e um gênio. Felizes daqueles que puderam conviver e assisti-lo, como eu o vi no Palácio das Artes”, destacou Silvio Viegas.

Crédito da foto: Ascom /Secult-MG