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Empresas brasileiras investem em treinamento de compliance

Levantamento aponta que 83% das maiores organizações do país dispõem de setor específico para a área

Foto: Leon/Unsplash

Cada vez mais atentas à necessidade de se adaptarem às legislações e manterem uma postura ética e transparente, empresas públicas e privadas estão investindo em compliance. Segundo o anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros 2020, 83% das maiores organizações do país possuem um setor específico que trata desta área.

Ainda de acordo com o documento, este percentual vem aumentando gradativamente desde a regulamentação da Lei Anticorrupção (Lei nº 12.846/2013), em 2015, quando o total de empresas que dispunham de um departamento interno de compliance era de 68%.

Paralelamente, também houve o aumento da demanda por treinamento de compliance, ferramenta que permite transmitir diretrizes e ampliar o alcance das informações, envolvendo todos os colaboradores da empresa.

A demanda por um programa de integridade efetivo tem movimentado outra área do mercado: as empresas especializadas na criação de soluções de compliance. “A procura por treinamento é boa. Junto com a gestão de políticas corporativas, é o processo que mais traz pessoas interessadas no nosso negócio”, afirma o CEO do clickCompliance – software que realiza a gestão de programas de compliance e de integridade corporativa -, Marcelo Erthal.

Segundo ele, a busca por softwares que ofereçam o serviço ocorre pela importância e pela complexidade do trabalho. “A produção de um treinamento de qualidade nem sempre é possível dentro de casa, por causa do investimento de tempo e dinheiro, mas é uma das principais formas de trabalhar o compliance na empresa.” Na avaliação de Marcelo Erthal, a capacitação é uma maneira de “engajar os funcionários e ajudá-los no entendimento de assuntos complexos”.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), investir em comunicação e treinamento é a forma indicada para educar e conscientizar a organização sobre a importância do compliance e, assim, garantir a sua efetividade na prática.

Como deve ser um treinamento de compliance

O treinamento deve abordar um assunto que seja relevante para a empresa como um todo ou para um setor específico estar em conformidade com a legislação vigente, conforme orientações do IBGC.

A conduta no ambiente de trabalho; a importância da diversidade e da inclusão; a política de proteção de dados; o combate às fraudes e aos crimes financeiros; a oferta e o recebimento de brindes; a forma correta de se relacionar com terceiros e com a Administração Pública são alguns dos temas que devem ser abordados.

O treinamento pode ser realizado on-line ou presencial, mas devido ao grau de dificuldade de alguns assuntos, é importante priorizar uma abordagem dinâmica, com o uso de uma linguagem clara, acessível e objetiva. Separar o conteúdo em aulas é uma estratégia para engajar e aumentar o interesse dos participantes. O IBGC recomenda trazer situações práticas para que os colaboradores possam ser orientados sobre dilemas em determinadas circunstâncias.

Investir em treinamentos também significa estar em conformidade com a legislação. O artigo nº 42 do Decreto nº 8.420, que regulamenta a Lei Anticorrupção, determina a oferta de capacitação como um dos critérios de avaliação do programa de compliance.