Diplomacia e Turismo

Mais pontos, menos Viagens

Por Patrícia Coutinho

Nos últimos anos vemos uma piora significativa nos programas de milhagem que, além de inflacionarem os resgates – uma passagem que antes você trocava por volta de 20 mil pontos hoje você não troca por menos de 40 mil – algumas tarifas mais
baratas deixaram de pontuar ou acumular milhas, prejudicando os consumidores. Isso foi visível particularmente entre 2017 e 2019 e agora novamente em 2022, com novas regras e meios de acúmulos e resgates de pontos e milhas.

Por falta de regulamentação no setor as empresas aéreas mudam as regras dos programas unilateralmente, sem, inclusive, qualquer período de carência, prejudicando o direito adquirido dos participantes. Nesse sentido tramita na Câmara Federal o Projeto de Lei 436/19 que pretende regulamentar os programas de milhagem das companhias aéreas. Projeto, a meu ver, necessário.

Crédito: Foto de Anna Shvets no Pexels

Em momentos de crise, como a que vivemos durante a pandemia, as empresas aéreas “descobrem” os programas de milhagens aéreas, tornando-as um chamariz para a retenção e tentativa de fidelização de clientes. Várias foram as promoções para esse setor, pois não havia como viajar e precisavam de uma solução para os pontos que estavam vencendo.

Porém, em momentos de recuperação econômica, como se desenha para o setor de turismo em 2022, essas mesmas empresas tratam de jogar para escanteio os programas de milhagens, modificando para pior suas regras com o fim de diminuir o passivo das milhas e pontos. Uma coisa é certa: é preciso estar muito atento à dinâmica do mundo das milhas e pontos já que a maioria das mudanças nos programas de fidelidade que veremos serão para pior, e algumas, serão para
bem pior.

Patrícia Coutinho é advogada, empresária de turismo, ex-presidente da ABIH-Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (MG) e ex-diretora de Relações Internacionais da ABIH Nacional.