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Universidade de Coimbra, destaque na História e Cultura de Portugal

Em junho de 2013, a UNESCO atribui à Universidade de Coimbra, pelo seu valor inquestionável para a História e Cultura Portuguesas, a classificação de Património Mundial da Humanidade – recompensa do esforço e dedicação de quem todos os dias trabalha para preservar, valorizar e sobretudo partilhar a sua herança com o mundo.
Foi distinguida pelos 4 núcleos: Rua da Sofia (onde ainda se encontram 7 dos 27 colégios que existiam); Pátio das Escolas (coração da UC); Pombalino (jardim Botânico, Colégio de Jesus); Estado Novo (edifícios das décadas de 40 a 70). Atualmente, a Universidade de Coimbra integra 8 Faculdades – Direito, Letras, Ciências e Tecnologia, Medicina, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação, Desporto e Educação Física.


Paço Real
O Paço Real era o local destinado à Família Real quando vivia em Coimbra. É aqui que se encontram os locais mais
emblemáticos do quotidiano da Universidade, mas onde também tiveram lugar momentos chave da História
de Portugal. A Sala Grande dos Atos é a principal sala da Universidade e local onde se realizam as principais cerimónias da Universidade; é também o local por excelência da realização das provas doutorais dos doutorandos da Universidade de Coimbra, e é mais conhecida como “Sala dos Capelos”, nome dado à pequena capa usada pelos Doutores da Universidade em ocasiões solenes.
Foi a primeira Sala do Trono de Portugal. Teve lugar aqui, entre Março e Abril de 1385, a reunião das Cortes que determinaram a aclamação de D. João, o Mestre de Avis, Rei de Portugal. A sua atual configuração, do séc. XVII, é marcada pela ausência de qualquer alusão aos monarcas espanhóis que governaram o reino entre 1580 e 1640, fruto do enorme apoio político e ideológico da Instituição a D. João IV, Duque de Bragança.

Biblioteca Joanina
Construída entre os anos de 1717 e 1728, é um dos expoentes do Barroco Português e uma das mais ricas bibliotecas europeias. Ficará conhecida como Biblioteca Joanina em honra e memória do Rei D. João V (1707-1750), que patrocinou a sua construção e cujo retrato, da autoria de Domenico Duprà (1725), domina categoricamente o espaço.
É composta por três pisos: o Piso Nobre, espaço ricamente decorado, a face mais emblemática da Casa da Livraria; o Piso Intermédio, local de trabalho e funcionou como casa da Guarda; a Prisão Académica, que de 1773 até 1834 foi o local de clausura dos estudantes. Começou a receber os primeiros livros depois de 1750, e actualmente o seu acervo é composto por cerca de 60.000 volumes. Toda a construção do Piso Nobre visa a conservação do acervo bibliográfico, desde a largura das paredes exteriores às madeiras no interior. Ainda no auxílio à preservação dos livros, existem duas pequenas colónias de morcegos que durante séculos a protegeram de insetos bibliófagos. Foi utilizado como local de estudo desde 1777 até ao início do séc. XX, devido ao início do funcionamento da atual Biblioteca Geral (1962). Construída com materiais
nobres e exóticos, trazidos um pouco de todo o mundo, no simbolismo atribuído à sua decoração transparecem a magnanimidade e poder do Rei D. João V e do Império Português, cujo repositório de saber tinha sede aqui, na sua Universidade.
O Piso Intermédio foisempre o depósito da Casa da Livraria, o qual era vedado o acesso aos estudantes e outros funcionários – o acesso seria sempre e somente dos Bibliotecários. Era também o local onde se reuniria a Guarda Real Académica, do qual teria acesso à Prisão Académica, abaixo, e cujo acesso seria feito através da escada em caracol, original do séc. XIV.
A Prisão Académica funcionou inicialmente em dois aposentos sob a Sala dos Capelos, logo em 1559 – desde a sua fundação que a Universidade teve como privilégio um código judicial próprio, aparte da Lei Geral do Reino. Estavam subordinados a este código, o “Foro Privado”, todos os que de alguma maneira se encontravam ligados à instituição. Esta autonomia permitia à Universidade possuir Juiz – o Magnífico Reitor -, Guarda e Prisão. Em 1773 foi transferida para o edifício da Biblioteca Joanina que viu incorporados e recuperados os restos do que fora o antigo cárcere do Paço Real, e que documentam a única cadeia medieval que ainda existe em Portugal. Em 1834, e após a extinção das ordens Religiosas em Portugal, a Prisão serviu como local de depósito de livros, manuscritos e iluminuras que se encontravam em diversos mosteiros e conventos.

Porta Férrea

Porta Férrea, na entrada da Universidade


A Porta Férrea é um dos locais mais importantes da vida académica que se desenvolveu em torno da Universidade Localizada no local de entrada original da fortaleza muçulmana de Almançor (séc. X e da qual ainda se conservam no interior das paredes as colunas defensivas originais), foi construída a partir de 1634, e é a primeira grande obra da Universidade após
a aquisição do Palácio Real ao Rei Filipe I.
De autoria do arquiteto António Tavares, nela observamos as principais figuras da sua instituição, os Reis D. Dinis e D. João III encimados pela figura da Sapiência, a insígnia da Universidade de Coimbra. Em cada um dos seus portais, simétricos, encontramos tambémrepresentações das antigas faculdades – Medicina e Leis no exterior, Teologia e Cânones no interior. Todos os grupos escultóricos são da autoria de Manuel de Sousa.