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A visão do renomado oftalmologista para o Futuro de Minas na rota do Turismo Médico

Hoje a entrevista é com o médico oftalmologista, Ricardo Guimarães que, além de Presidente do Hospital de Olhos de Minas Gerais, é professor, pesquisador, Presidente da UBQ – União Brasileira pela Qualidade e Chanceler da faculdade de medicina nota máxima no MEC, a Faseh.

Ricardo Guimarães, médico olftalmologista. Crédito: Valnice Gonçalves
  1. Dr. Ricardo, conte um pouco sobre sua trajetória com uma das 300 personalidades mais influentes de Minas Gerais.  

Minha trajetória profissional começa na faculdade de medicina da UFMG como professor e pesquisador. Concluí o curso de medicina e a especialidade oftalmologia com o Prof. Hilton Rocha.  Fiz um doutorado em morfologia e, posteriormente, com uma bolsa da Capes, fiz Pós- doutorado na França, na Inglaterra e nos EUA.  Márcia, minha esposa, fez a mesma trajetória.  Juntos trabalhamos em renomados hospitais e centros de pesquisas relacionados a visão, sempre nas nossas áreas de interesse. Retomamos ao Brasil para assumir nossas posições na UFMG.  Na atividade privada, como oftalmologista, me dediquei às especialidades de cirurgia de catarata e refrativa. Neste campo, fico feliz em dizer que, obtive significativa reputação nacional e internacional.  

Mas… um acidente aéreo me fez mudar a rota.

Em 2001, a vida transcorria sem surpresas quando o avião que eu pilotava, com a família a bordo e a caminho da praia, teve uma pane, por conta de uma pane de motor. Fui obrigado a fazer um pouso forçado na serra de Guarapari. Consegui pousar sobre arbustos que amorteceram a queda.  Quando aterrizamos, todos estavam sem lesões físicas, mas o avião pegou fogo.  E eu e Márcia nos queimamos muito saindo do avião. Ainda assim, conseguimos andar até uma fazenda nas proximidades.  Fomos socorridos e levados na carroceria de uma camionete até Guarapari. Chegando ao hospital, o colega de lá viu que não podia fazer nada. Seguimos de ambulância até Vitoria. Lá, a equipe de médicos estava a nossa espera. Dado a gravidade das queimaduras, fomos transferidos para São Paulo. Foram 4 meses hospitalizado. Destes, 58 dias em coma.  Márcia um pouco menos. Este acidente me afastou da cirurgia, que era minha maior atividade.  Me colocou em nova rota. Após a recuperação, continuei a clinicar, mas não operava mais. E foi assim que tive mais tempo para me dedicar a várias atividades, como a de inovação e pesquisa para as áreas da Saúde e Educação. E daí surgiram o LAPAN – Laboratório de Pesquisa Aplica a Neurovisão, criado com o apoio da UFMG.  Também me dediquei a projetos de inovação e gestão, incluindo a graduação em medicina, quando tive a oportunidade de adquirir o controle da faculdade de Medicina FASEH que, na época, passava por um momento delicado. Foi então que comecei a estudar a formação médica, e as demandas para a Medicina do Futuro. A medicina passa por um momento de grande transformação, mas os cursos não foram ainda adaptados para a nova realidade.

  • Além dos papéis de médico, pesquisador, educador, empresário, você também exerce, com sucesso, o de um grande visionário para o Turismo com foco na saúde. Poderia falar desses projetos para colocar Minas Gerais no mapa do Turismo Médico?

Como disse, depois do acidente, a mudança foi grande. De uma vida totalmente dedicada à medicina, 12h por dia, finais de semana em congressos nacionais e internacionais, tudo mudou.  E eu também mudei. E comecei a estudar gestão de negócios, além da medicina, sempre.

O ano de 2001 era aquele momento mágico da virada do século.  Transformação era o tema. Especialmente na área de saúde.

Foi quando assumi a presidência do Comitê de Saúde, a convite da American Chamber of Commerce. Nesta posição, estabeleci um contato muito estreito com a área de pesquisa e da indústria de inovação dos Estados Unidos, mantendo contato com basicamente toda indústria americana de saúde, responsável por quase todo investimento que vinha para o Brasil. Também assumi o consulado do Canadá que me colocou em rota com os investidores Canadenses.

O projeto de criação de uma Cidade Médica Internacional, no entorno do Aeroporto de Confins, foi desenhado nesta época.

  •  E em quanto tempo podemos dizer que a Cidade Médica fará parte mapa do mapa turístico de Minas e do Brasil?

Quando você fala de um projeto futurístico como a Cidade Médica, um cluster de saúde reunindo hospitais, clínicas, faculdades de ensino com graduação e Pós-graduação, Centros de Pesquisa e Desenvolvimento, indústrias e serviços, estamos falando do grande projeto de estado. Um projeto que tem condições de criar uma dinâmica de desenvolvimento inédita para Minas Gerais que, hoje, tem grande parte da sua receita proveniente da Mineração. Até me atrevo a dizer que este projeto terá uma participação muito significativa no processo de recuperação econômica de Minas. A FIEMG tem na presidência o jovem e dinâmico Flávio Roscoe.  Um grande pensador e planejador,  que está liderando com brilhantismo a área industrial. Na ACMinas, Dr. Jose Anchieta, lidera, de fato, um movimento, um reposicionamento mineiro, através de um manifesto que já ultrapassou nossas fronteiras e se transformou em voz nacional.  Entre os economistas, temos a liderança do Dr. Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, da Revista Mercado Comum que nos orienta na compreensão do momento econômico de forma segura e técnica. Minas deixou aquela enganação de que trabalha em silencio e se organiza em vários segmentos. Esta combinação de pessoas e propósitos pode ser capaz de tirar Minas da atual estagnação econômica. Vamos ver.

  • Realmente Minas tem estado agitada especialmente na sua área, da saúde. Em 2021 vimos várias empresas nacionais criando operações aqui. O que aconteceu?

Bem lembrado. Depois de muitos anos isolada, apenas em 2021, vimos muitas empresas, na verdade as mais importantes, fazendo aquisições de hospitais e vindo para Minas. Importantes e renomados hospitais e laboratórios foram adquiridos por grupos nacionais.  Estes investimentos vão contribuir muito para a melhoria dos nossos serviços de saúde. Você lembrou bem, Minas está indo muito bem na área de saúde.

  • Em reconhecimento a sua belíssima trajetória de vida e profissional, vários títulos lhe foram concedidos como, o mais recente, de uma das 300 personalidades mais influentes de Minas Gerais, pela revista Mercado Comum. Além deste último,  ainda temos que acrescentar os  títulos de Cidadão Honorário de Belo Horizonte, Nova Lima e Unaí, a medalha de prata da Federação Mineira de Fundações de Direito Privado, o Colar do Mérito da Corte de Contas, a Medalha da Inconfidência e a Medalha Presidente Juscelino Kubitschek. Ter este reconhecimento é o que o motiva inovar e seguir traçando novas rotas de futuro Dr. Ricardo?  

Na verdade, os títulos e reconhecimento são sempre muito bem-vindos e valorizados, sem dúvida nenhuma. Fiquei muito honrado em ser nomeado entre os 300 mineiros que se destacaram pela contribuição ao desenvolvimento de Minas Porém, o que mais me motiva, e emociona todos os dias, tem sido nosso trabalho na Fundação Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães. Lá ajudamos crianças com Distúrbios de aprendizagem Relacionados à Visão. Nós estudamos estas condições e trabalhamos para criar alternativas de baixo custo para estas crianças, evitando o uso de medicações que, além de onerosas, tem potencial de comprometer o desenvolvimento destas crianças.  Também treinamos educadores e agentes de saúde, inclusive médicos de diversas especialidades, para identificar e tratar estas crianças. Já formamos mais de 6000 profissionais em todas as partes do Brasil.

Eu me formei com o Prof. Hilton Rocha e aprendi com ele a importância de ajudarmos as crianças com dificuldades visuais. Porque, sem visão, o aprendizado e comprometido. E o conhecimento das crianças é o que vai traçar nossa rota de futuro. No nosso projeto BOM COMEÇO, nenhuma criança pode ser deixada para trás.

ANDREIA ZUQUI