Por Patrícia Coutinho
Como dizia Caetano, alguma coisa está fora da ordem… primeiro pandemia, agora guerra. O que
apostar? O mundo definitivamente não é para amadores. O conflito na Ucrânia tem promovido mudanças geopolíticas rápidas e dramáticas, e especialistas acreditam que o conflito terá como consequências a intensificação da desglobalização e a consolidação de uma nova ordem mundial.
As sanções impostas por autoridades americanas e europeias à Rússia — a 11ª maior economia do mundo — com o intuito de isolar o país do comércio mundial irão marcar uma virada na ordem geopolítica com a fragmentação da economia do mundo em dois blocos: o do Ocidente, liderado pelos EUA, e o da Europa Oriental-Ásia, encabeçado por Rússia e China.
Até agora, o apoio chinês à causa russa é informal e Biden enfatiza que existe hoje “um debate fundamental sobre a futura direção do mundo”, entre aqueles que defendem a autocracia e os que acreditam na democracia. E um dos objetivos centrais desse discurso é incentivar que empresas sediadas em países democráticos excluam a China de suas principais cadeias de abastecimento e manufatura. Nos últimos anos, Putin tem buscado fortalecer parcerias com economias euroasiáticas — e a China é, claro, a principal delas.
No plano financeiro, esses países reforçaram a integração entre os seus sistemas bancários e discutem a criação de uma nova moeda internacional capaz de destronar o dólar. Os investimentos domésticos tendem a migrar para os ativos reais, para diminuir o risco sobre o capital e, com isso, serão privilegiados mercados e setores mais fáceis de acompanhar, como é caso do Brasil.
Nesse novo desenho geopolítico, o Brasil não passará apenas apuros, mas, dada a sua relação com EUA e China, sofrerá pressões de ambos os lados ou, mesmo, se beneficiará disso.
Adeus mundo velho, feliz mundo novo?
Foto: Baona | Crédito Getty Images/Istock Photo