Notícias

Trabalhar nos EUA em construção civil, limpeza e redes de fast food pode demorar até 2 anos.

Crédito: Unsplash
Embora existam muitas vagas sem preenchimento no mercado americano, demora para aprovação dos vistos dificulta ida de trabalhadores estrangeiros
A escassez de mão de obra nos Estados Unidos para vagas que exigem menores qualificações tem levado brasileiros a considerarem a possibilidade de viajar para o hemisfério norte em busca de empregos como atendentes de redes de fast food, garçons, auxiliares de limpeza e ajudantes na construção civil.

O salário mínimo americano – que atualmente é de US$ 7,25 por hora de acordo com a lei federal e, em alguns estados, chega a US$ 14 (Califórnia) ou US$ 15,20 (Washington, D.C.) – brilha aos olhos de quem ganha em reais. Afinal, uma vaga de atendente no McDonald’s pode render um salário equivalente a R$ 12 mil por mês – uma realidade hoje distante inclusive para brasileiros que têm nível superior.

No entanto, embora de fato haja demanda para estrangeiros ocuparem posições como essa no mercado de trabalho dos EUA, chegar até elas de maneira legal não é tão simples e nem rápido.”Para essas vagas, o mais recomendando é o visto EB-3 para unskilled workers (para trabalhadores sem qualificações). São aqueles que não têm curso superior, mas que comprovam histórico em atividades que exigem menos do que dois anos de treinamento ou experiência“, explica Felipe Alexandre, advogado da AG Immigration, escritório de advocacia dos Estados Unidos especializado em imigração.

Ela reforça que existem também outros dois tipos de vistos EB-3: um destinado para profissionais com diploma de bacharelado ou equivalente estrangeiro, e outro para quem não tem nível superior, mas tem que comprovar histórico com trabalhos que exigem mais do que dois anos de treinamento ou experiência.

O que dificulta a obtenção do EB-3 para trabalhadores não qualificados é que o aplicante precisa ter um convite formal por parte de um empregador norte-americano, que por sua vez necessita demonstrar para o governo que não encontrou o mesmo tipo de mão de obra dentro do país. “Esse é um processo burocrático, que pode levar até nove meses. Considerando todas as etapas do visto, é comum que leve até dois anos para que a pessoa receba a autorização para atuar nos Estados Unidos”, diz Alexandre.

Por outro lado, ao contrário de vistos temporários de trabalho, o EB-3 dá residência permanente ao seu titular, ou seja, leva a obtenção do green card. Como o EB-3 depende da oferta do empregador – que é quem patrocina e arca com os custos do visto –, não é um caminho que depende exclusivamente do trabalhador. Uma maneira comum que estrangeiros utilizam para encontrar empregadores que os patrocinem para o EB-3 é acessar site grande de empregos, como Jooble, Even ou ZipRecruiter e inserir “Visa Sponsorship Offered”, filtrando a busca por vagas que oferecem o patrocínio.

“Realmente existe um déficit de mão de obra nos Estados Unidos para vagas que não requerem qualificação. Uma razão disso foram os benefícios governamentais dados durante a pandemia, que tirou a necessidade de parte da população trabalhar. E há também uma questão de as pessoas buscarem oportunidade que paguem mais. Com o mercado aquecido e o desemprego em queda, acaba sendo fácil para achar empregos que paguem mais do que o salário mínimo ou ofereçam benefícios mais atraentes do que as vagas de entrada”, analisa o CEO da AG Immigration, Rodrigo Costa, especializado em mercado de trabalho dos EUA.