Diplomacia e Turismo

Turismo espacial

O futuro chegou e nos últimos tempos muito se tem falado sobre turismo espacial. Sim, qualquer terráqueo, com dinheiro suficiente, pode admirar do espaço a vida no Planeta Azul, as estrelas, flutuar e se hospedar na Estação Espacial Internacional (ISS), tal como um astronauta de verdade.

Trata-se, a meu ver, de um passo inevitável no século XXI, assim como o turismo aéreo foi no século XX.
Talvez no início do século passado houveram questionamentos semelhantes quando se iniciou a aviação civil, mas eu, pessoalmente, não sei se estou preparada para uma experiência desta magnitude, tanto intelectualmente quanto fisicamente. Afortunadamente não é o pensamento de muitos que aguardam em fila por
essa oportunidade.

Este “pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a humanidade” começa 40 anos após
o primeiro voo humano para o espaço, sendo o engenheiro e empreendedor norte-americano Dennis Anthony Tito o pioneiro. Aos 28 de abril de 2001 ele desembolsou US$20 milhões para embarcar na nave russa Soyuz TM-32 rumo
à Estação Espacial Internacional (ISS). A Rússia foi a primeira a levar pessoas ao espaço sem fins científicos e agora vemos uma discreta competição com empresas privadas americanas, SpaceX,

Virgin Galactic e Blue Origin, que entraram no mercado vendendo assentos que variam entre US$ 250 mil até impressionantes US$ 55 milhões e já levaram os, digamos, garotos propaganda de peso, como os
bilionários Jeff Besos e Elon Musk, que se arriscaram e demonstraram que confiam na tecnologia empregada em suas empresas. O turismo espacial não se limita a viagens para a estação internacional, é possível, por exemplo, contemplar a curvatura da Terra por voos de balão pelas empresas Space Perspective e a World View Enterprises,
que prometem ir até à estratosfera, 30 quilômetros de altura, com visões incríveis do nosso planeta.

Os primeiros voos de balão estão planejados para o início de 2024, com ingressos de 125 mil dólares
por pessoa. E não para por aí, está em andamento a construção de um hotel espacial de luxo já para 2027, Voyager
Station, pela empresa Orbital Assembly Corporation. A estação terá 50 mil metros quadrados e planeja servir
“comida espacial” tradicional, contará com espaços recreativos para as atividades que aproveitem a ausência de gravidade, assim como academia e bares para ver à Terra. Uma estadia de três dias e meio custará 5 milhões de dólares.

Não se trata de um turismo para qualquer um, mas, aposta-se que esse mercado pode chegar a US$1,4 trilhão já na próxima década, se aproximando dos US$1,5 trilhão que a indústria do turismo movimenta hoje. Na esperança de se construir um futuro para a humanidade fora da Terra, essas empresas estão buscando usar o turismo espacial como uma forma de
demonstrar a segurança e a confiabilidade das viagens espaciais como um “novo normal”. E você, se habilitaria
a viajar para o espaço?

Patrícia Coutinho é advogada, empresária de turismo, ex-presidente da ABIH-Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (MG) e ex-diretora de Relações Internacionais da ABIH Nacional.

Crédito: Pixabay