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Como ler Rachel de Queiroz

Xico Sá analisa as letras de sua conterrânea, autora de “O quinze”
A sessão de abril do programa literário do Centro Cultural Unimed-BH Minas, “Letra em Cena.Como ler…” será dedicada às letras da cearense Rachel de Queiroz, sob o olhar de Xico Sá, jornalista e escritor, conterrâneo da focalizada. Numa conversa com José Eduardo Gonçalves, curador do projeto, Xico analisará a forma de escrita e as ações da escritora por meio de seu trabalho a partir da observação da sociedade. “Sem precisar ser panfletária, Rachel fez a grande denúncia sobre os problemas sociais dos nordestinos”, diz. A leitura de textos será feita pela atriz Raquel Pedras, da companhia Armatrux. A sessão será no dia 19/4, terça-feira, às 20h, no canal oficial do Minas Tênis Clube no Youtube.
Acervo pessoal

Intensa e muito firme, Rachel de Queiroz, segundo Xico Sá, criou uma forma de escrever. “Rachel inventa o regionalismo do Nordeste brasileiro com aquela força de literatura universal. Com ‘O Quinze’, ela cria e abre as portas para o que chamamos de romance regionalista. A temática da seca até havia dado as caras na literatura brasileira, mas não com a força e o estilo da escritora cearense”, observa o jornalista. Por meio dessas análises, especialmente a da questão do nordestino, Rachel “sem precisar ser panfletária, fez a grande denúncia sobre os problemas sociais dos nordestinos.

A escritora traz também a ideia da existência da sertaneja – “naquele mundo de escrita machista no qual era retratado apenas o sertanejo ‘cabra macho'”, explica Xico.Pioneira, a escritora cearense foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na ABL e a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Certa vez, Rachel disse: “Não sou feminista. Acho que a sociedade tem que crescer em conjunto. A associação mulher e homem é muito boa e acho um grande erro combater o homem”. Xico Sá percebe que talvez, hoje, Rachel se assumiria feminista. “Creio que hoje ela diria abertamente que era feminista, mesmo sem saber. O pioneirismo na escrita e nas suas posições políticas iniciais – como militante comunista – faziam dela uma feminista de vanguarda. “Temos que considerar que, naquela época, raríssimas brasileiras se diziam feministas.  Mesmo no período em que se dizia mais conservadora, Rachel dava as suas cutucadas no machismo”, atesta.

Vale ressaltar que Rachel de Queiroz é uma escritora que trabalhou ao longo de mais de 70 anos, dessa forma é possível perceber na sua obra mudanças alcançadas pela vivência. “Mesmo com as mudanças de posicionamento político, a obra de Rachel foi uma vida inteira contundente e denunciadora. Segue firme até o fim com uma grande escrita consciente do seu tempo e do seu país. Basta reler “Memorial de Maria Moura” para sentir essa força”, observa Xico.Como dica de leitura de Rachel de Queiroz, Xico Sá aponta que “o suspense, a força dramática, a intriga de “Memorial de Maria Moura” são irresistíveis. Não foi à toa o sucesso desse livro adaptado como minissérie da TV Globo, em 1994. “Acho que aí está um bom começo para encontrar Rachel – no paralelo, recomendo a diversão com suas crônicas com sabor de comida na beira do fogão”, conclui. 

Serviço

Letra em cena on-line.
Como ler Rachel de Queiroz, por Xico Sá
Data
: 19 de abril de 2022, terça-feira.
Horário: 20h.
Local: no canal do Youtube do Minas Tênis Clube.