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53,5% dos PcDs deixam de viajar por falta de acessibilidade 

Perfil do Turista com Deficiência aponta atendimento, falta de estrutura e segurança como alguns dos principais motivos para o dado

Um mapeamento realizado pelo Perfil do Turista com Deficiência, lançado pelo Ministério do Turismo, no dia 3 de abril deste ano, apontou que 53,5% dos turistas com deficiência deixam de viajar em função da falta de acessibilidade. O levantamento aponta também que o público majoritário é do sexo feminino (64,4%) e tem idade entre 41 e 50 anos. 

Outra pesquisa realizada pela Universidade Federal de São João del-Rei, em 2013, apontou que os oito PcDs entrevistados avaliaram negativamente as condições de locomoção no espaço em que foi realizada a pesquisa. Por conseguinte, essas condições impedem que essas pessoas tenham acesso livre aos lugares que desejam, uma vez que não se sentem seguras ao sair de casa.

Nesse sentido, a acessibilidade em diversas frentes é crucial para proporcionar segurança, conforto e autonomia a todas as pessoas. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos 45 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, sendo 32 milhões com mobilidade reduzida. 

No sentido legal, acessibilidade é um direito garantido à pessoa com deficiência (PcD) promovido pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, sancionado em 2015, que assegura, entre outras coisas, igualdade de oportunidades, acessibilidade, inclusão escolar, trabalho, atenção à saúde, capacitação e habilitação.

Do ponto de vista social, a construção de nossa sociedade se dá por meio de um planejamento que inclui majoritariamente pessoas não deficientes, o que acarreta uma exclusão da população com deficiência que não possui suas necessidades atendidas. Esse tipo de frustração não somente gera desgaste mental como pode impossibilitar que essas pessoas frequentem certos espaços.

Em parceria com a UNESCO, o Ministério do Turismo (MTur) divulgou, também este ano, os resultados da pesquisa “Turismo Acessível: Mapeamento do Perfil do Turista com Deficiência”. A ideia é traçar o perfil desses turistas e elaborar projetos de políticas públicas que atendam a essas necessidades.

Alguns destinos, por sua vez, destacam-se como possibilidades acessíveis, como é o caso do Parque Ibirapuera, em São Paulo, que possui rampas e banheiros adaptados, e até mesmo o Auditório Ibirapuera, que possui recursos que visam auxiliar a pessoa com deficiência visual e auditiva. No Rio de Janeiro, existe o projeto Praia Para Todos, que ocorre de dezembro a abril, e conta com atividades como surfe e vôlei sentado. 

Ao pensar em acessibilidade, é importante pensar não apenas no destino, mas também na locomoção. Pessoas com mobilidade reduzida podem precisar contar com o aluguel de carros por assinatura para conseguirem se locomover nas viagens, por isso é importante planejar a viagem como um todo e considerar a locomoção mais adequada e confortável, bem como realizar uma pesquisa para verificar as possibilidades acessíveis do local.

Crédito da foto: Pixabay