Um dos maiores blocos de carnaval de rua do Brasil vai trazer canções de grandes musas da nossa música e terá apenas vocalistas mulheres no trio em 2024.
Buscando valorizar a presença das mulheres na indústria da música e do Carnaval, o Quando Come se Lambuza, um dos maiores blocos de carnaval de rua do Brasil, vai trazer um repertório 100% feminino em seu cortejo oficial, que acontece neste sábado (10/2), a partir das 9h, na avenida Afonso Pena.
Além disso, o bloco terá apenas vocalistas mulheres em cima do palco comandado por: Amine Jabour, Gaby Alvez e Fernanda Fernandes.
No ano passado, o bloco arrastou mais de 500 mil foliões para a avenida ao homenagear uma grande figura feminina: a rainha da sofrência Marília Mendonça. Foi o maior e mais bonito desfile de todos os tempos, com dois mega trios elétricos, cinco patrocinadores oficiais e mais de 400 pessoas envolvidas – entre celebridades, artistas, bateria e produção.
Em 2024, quando completa 10 anos, o bloco dá um passo além e valoriza ainda mais o protagonismo das mulheres na música. Serão cinco horas de repertório exclusivamente feminino e dos mais variados estilos.
“Não podemos nos esquecer que a primeira marchinha registrada na história do carnaval brasileiro, Abre Alas, é de Chiquinha Gonzaga, feita em 1899. Depois dela vieram outras grandes artistas, como Alcione, as musas do axé e do carnaval, como Ivete Sangalo, e gigantes da música sertaneja, como Marilia Mendonça. Sem falar nas protagonistas da atualidade, como Anitta, Ludmilla, Ana Castela e Iza. Todas elas estarão e serão valorizadas no nosso repertório”, afirma Christiano Ottoni, produtor do bloco.
Além disso, a presença das mulheres também é marcante em todos os setores, desde as alas de bateria, dança e produção. O bloco estima que 60% da equipe é formada por mulheres.
Momento é delas!
Para se ter uma ideia da importância de ações afirmativas, o Rock in Rio, um dos festivais de música mais importantes do planeta, anunciou para 2024 a segunda edição do “Dia Delas”. Trata-se de um dia com line-up composto exclusivamente por artistas mulheres. Já estão confirmadas Katy Perry, Gloria Gaynor, Ivete Sangalo e Iza. A primeira edição ocorreu em 2022.
No streaming, dados do Spotify mostram que Ana Castela foi a artista mais ouvida do Brasil em 2023. Já Marília Mendonça, homenageada pelo bloco no ano passado, ficou em 4º lugar no ranking.
Além disso, a cantora Ludmilla mostrou que é uma das maiores artistas da atualidade ao vender 20 mil ingressos em apenas 20 minutos para a edição do seu show Numanice, que aconteceu em dezembro do ano passado, em São Paulo.
Anitta, uma fábrica de hits, é conhecida por bater recordes. A cantora foi a primeira mulher brasileira e latina a alcançar o topo do Spotify Global com a música Envolver, que também trouxe a estatueta de “Best Latin” na premiação VMA (Video Music Awards), da MTV, em uma categoria historicamente dominada por homens.
Cenário ainda é desafiador
Apesar das conquistas, as mulheres ainda enfrentam o machismo tão arraigado na sociedade. Exemplo disso é a décima edição do Lollapalooza Brasil, que aconteceu em 2023, e reuniu quase 80 shows internacionais e nacionais. O evento marcou recorde de participação feminina, mas, ainda assim, menos da metade dos artistas eram mulheres.
“Mesmo mostrando potencial, as artistas são subestimadas e invisibilizadas em certos espaços. Queremos mostrar que conseguimos fazer um desfile de cinco horas apenas com repertório feminino justamente para valorizar a presença das mulheres no carnaval e na música. O carnaval também é espaço para discutirmos essas questões sociais relevantes”, diz Christiano.
Poder de alcance
A decisão de empoderar e valorizar as mulheres na música parte de um bloco com enorme poder de se comunicar com o público nas redes sociais e na mídia offline. Em 2023, o bloco contou com a participação de 30 mega influenciadores na cobertura do desfile – incluindo João Guilherme, filho do cantor Leonardo.
Juntos, eles somam mais de 80 milhões de seguidores nas redes e geraram um impacto de mais de 50 milhões de contas alcançadas e mais de 20 milhões de views nas redes sociais do bloco.
Na mídia, foram mais de 200 inserções e veículos de imprensa (regionais e nacionais) e mais de quatro horas de transmissão ao vivo em canais de televisão.
História do bloco
O bloco Quando Come se Lambuza surgiu em 2014 após a comemoração de aniversário do mestre e fundador André Melado. Chegou com a ideia de resgatar a “juventude” do carnaval de BH, porém não tem nada a ver com a idade e sim com a atitude e comportamento.
Misturando diversos estilos de música, o bloquinho que começou no pré-carnaval entre amigos virou um blocão e atrai os mais diversos públicos, além de possuir um grande alcance nas redes sociais.
No ano de 2016, último no pré-carnaval, mais de 10 mil foliões seguiram o bloco. A partir de 2017, deixaram as ruelas do bairro Buritis e partiram para uma das principais avenidas da cidade, a Afonso Pena. A ousadia virou marca registrada e mais de 70 mil foliões seguiram o desfile.
Em 2018 e 2019 a brincadeira ficou séria, o público só crescia, gravaram repertório autoral e a banda fazia shows por todo o estado. Em 2020, mais de 300 mil pessoas lotaram a Praça Sete em um desfile histórico que consolidou o bloco como um dos principais de Minas Gerais.
Na última edição, em 2023, o bloco fez uma linda homenagem à cantora Marília Mendonça. Mais de 500 mil foliões estiveram presentes nessa grande festa que trouxe no repertório do desfile as principais faixas da rainha da sofrência, além de hinos do axé, pop, funk, pagode entre outros gêneros musicais. A folia foi enorme e a energia contagiante! Os foliões puderam se lambuzar e matar a saudade de uma das melhores festas brasileiras após dois anos sem carnaval de rua em BH.
Serviço – Desfile de Carnaval Quando Come Se Lambuza
Data: 10/02 (sábado)
Local: Avenida Afonso Pena, 546 (entre Av. Amazonas e Rua São Paulo)
Concentração: concentração 09h
Início do desfile: 10h
Encerramento e dispersão: 15h
Crédito da foto: BS Fotografias