Curso internacional ocorre na Escola da Voluntersul, com duas turmas no Campus Vale do Caí da UCS, em uma imersão de três dias e duas noites com simulações de salvamentos em água, mato e áreas colapsadas
Bombeiros voluntários de diversas partes do Estado – além de Santa Catarina, São Paulo e até do Paraguai – participam neste final de semana do Curso Internacional de Intervenção em Desastres, com instrutores brasileiros, chilenos e mexicanos, em São Sebastião do Caí/RS. A programação começou na tarde desta sexta-feira (8), segue o dia todo e na noite deste sábado (9); com instruções e simulações também durante todo o domingo. A movimentação ocorre na Escola de Bombeiros Voluntários, que funciona no campus da Universidade de Caxias do Sul (UCS) no Município.
O curso é promovido pela Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul), em parceria com o grupo Rescate Internacional TOPOS – uma entidade internacional, sem fins lucrativos, e que atuou nos terremotos no Taiwan (1999), Irã (2003), Indonésia (2004, 2008), Itália (2009), Haiti (2010 e 2021) e Chile (2010), Nova Zelândia e Japão (2011), Peru (2012), Guatemala (2012), Equador (2016), Cidade do México (2017), Indonésia (2019) e Turquia (2023).
O treinamento ocorre em regime de imersão, com os alunos permanecendo acampados na área da UCS em Caí. Onde têm aulas e realizam manobras sobre Sistema de Comando de Incidentes (SCI), resgate de vítimas em inundações e áreas instáveis, além de buscas em áreas de mata, regate em estruturas colapsadas e outros cenários.
O curso ainda terá uma segunda turma a partir da próxima terça (12) até a quinta-feira (14). Neste caso, composta também por bombeiros voluntários, mas contando ainda com agentes de Defesa Civil e do Samu.
Conforme o presidente da Voluntersul e comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de São Sebastião do Caí, Anderson Jociel da Rosa, o aprendizado faz parte de uma série de intercâmbios promovidos pela entidade estadual com bombeiros voluntários do restante do continente. Já a Escola de Bombeiros Voluntários no Campus da UCS funciona desde 2021 e já formou mais de 1.mil bombeiros voluntários em cursos de aperfeiçoamento que vão desde comportamento extremo do fogo até resgate em áreas de difícil acesso. Muitos deles contando com a parceria de instrutores de unidades voluntárias de outros países sul-americanos.
Lembrando ainda que a UCS Caí sedia também o projeto Bombeiro Mirim, vinculado à corporação voluntária caiense. Além disso, a acidade também já havia sediado em 2017 o curso de Busca e Resgate em Áreas Colapsadas (Brec), também ministrado pelos instrutores chilenos e que hoje é apenas uma das quatro oficinas do curso em Caí.
SOBRE OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS
O Rio Grande do Sul possui atualmente mais de 50 unidades de bombeiros voluntários – modelo no qual as comunidades equipam seus quarteis e o serviço é prestado por voluntários que se revezam nos plantões 24 horas. Em algumas unidades mais especializadas, as corporações contam com alguns motoristas e operadores pagos (também pela comunidade) para garantir a presença sempre de um operador especializado para os equipamentos mais complexos.
Com isso, só no Rio Grande do Sul (onde o modelo existe há quase 50 anos), em 2022 os voluntários atenderam a cerca de 37 mil ocorrências – entre incêndios, acidentes de trânsito ou domésticos, casos clínicos e resgates em geral (inclusive aquático). Atualmente, mais de 1,5 mil bombeiros e bombeiras voluntárias se revezam nas unidades gaúchas, garantindo plantões 24 horas para suas comunidades.
O modelo, que é dominante no resto do mundo, está presente no Brasil há mais de um século – desde a fundação do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, em 1892. Aliás, em 2021 a corporação de Joinville foi considerada, pela segunda vez, como uma das 100 Melhores ONGs do Brasil. Prêmio este realizado pelas entidades O Mundo que Queremos, Instituto Doar e Ambev VOA, com apoio de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Humanize e do Canal Futura.