Acompanhado de comitiva governamental, presidente chileno é recebido pelo presidente Lula e realiza visita de Estado em Brasília na manhã desta terça-feira, 22. Durante a tarde, Fórum Empresarial discutiu temas como empreendedorismo a Rotas de Integração Sul-Americana

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na manhã de ontem, terça-feira (22/4), o presidente do Chile, Gabriel Boric, que veio ao Brasil com uma agenda de encontros sobre acordos de cooperação e parcerias em diversas áreas da gestão pública e empresarial, entre as quais estão o Ministério de Ciências, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, representado por pela ministra Aisén Etcheverry Escudero; e a Subsecretaria de Turismo, representada pela subsecretaria Verónica Pardo.
Pela agenda oficial, um encontro privativo entre os líderes foi realizado, seguido de reunião ampliada entre autoridades governamentais e diplomáticas, além de almoço do Palácio do Itamaraty.
Durante a tarde, o Fórum Empresarial Brasil-Chile, realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria, reuniu cerca de 250 pessoas entre empresários, representantes de entidades setoriais e autoridades de diversos setores econômicos dos dois países. O encontro foi organizado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ministério de Empreendimento e MyPyMEs (MEMPE), Embaixada do Chile no Brasil, Ministério de Relações Exteriores do Chile | Subsecretaria de Relações Internacionais (SUBREI), e Sociedade de Fomento Fabril do Chile (SOFOFA), com apoio da apexBrasil, ProChile e Serviço Nacional de Turismo do Chile (Sernatur).
Como atividade paralela, a sede da CNI também recebeu o Seminário Brasil-Chile de Micro, Pequenas e Médias Empresas e Cooperativas, evento promovido pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Memp), em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), CNI e a Embaixada do Chile no Brasil. A iniciativa reforça o compromisso dos dois países com a ampliação da cooperação focada no apoio e fortalecimento dos pequenos negócios.
A agenda de encerramento do encontro contou com as participações do presidente Lula (Brasil) e Boric (Chile). “É uma honra estar aqui e estreitar ainda mais nossa relação. O Brasil é mais do que um parceiro comercial. É um país ‘hermano’ que compartilha histórias de democracia. Eu tenho certeza de que esta agenda de integração começa na América Latina, mas é para o mundo”, disse o presidente Gabriel Boric, reforçando que o Chile defende autonomia estratégica como condição de desenvolvimento.
Em seu discurso de abertura, o presidente do Chile, Gabriel Boric também falou sobre a importância do turismo como atividade econômica para os destinos e valorizou o aumento da conectividade, com o total de 10.057 voos realizados entre Brasil e Chile em 2024, o que representa um crescimento de 260% de voos em comparação a 2.022. Ao considerar o número de assentos, o crescimento de 2024 (também considerando dados de 2022) foi de 275%, com 2.107.311 assentos oferecidos no ano passado. Em relação ao número absoluto de viajantes e representando 17% do total de estrangeiros que visitaram o Chile em 2024, com 787.036 mil turistas brasileiros no país, o crescimento foi de 218%.
As conexões entre os dois países hoje são disponibilizadas a partir do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Brasília. A previsão é que haja, ainda em 2025, 25% de aumento em número de voos.
De acordo com o presidente chileno, “quando há uma boa experiência, os turistas são os melhores porta-vozes de um destino”, disse, referindo-se ao fato de que os turistas brasileiros são os que ficam mais tempo – e gastam mais, com um tíquete médio de US$ 2.280 – no Chile. “Esse é resultado de um trabalho intenso e conduzido pela subsecretária de Turismo, Verónica Pardo”, ressaltou.
Sobre a temática da conectividade como caminho para a competitividade, Verónica Pardo destaca que “não há desenvolvimento turístico sem conectividade. E não há integração regional sem céus abertos e rotas fluídas”, disse, lembrando que a chegada dos brasileiros ao Chile segue concentrada em Santiago. “Temos certeza do potencial chileno para novas rotas turísticas e poderíamos gerar novas alianças público-privadas que nos permitam avançar por este caminho”, finalizou.
Encerrando oficialmente a agenda do dia, o presidente Lula lembrou que muitas guerras começaram por divergências comerciais. “Nosso crescimento se deve às nossas condições de flexibilizar as relações comerciais. Um país, para dar certo e conquistar a confiança da população, precisa garantir mudanças por meio da estabilidade econômica, fiscal, social e política, além da previsibilidade na ação do governo”, disse, reforçando que é preciso flexibilizar para as “coisas possam acontecer com sensatez e justiça”, disse referindo-se às relações comerciais. “Como presidente dos dois países, a gente não faz negócios. A gente abre as portas para que os empresários possam fazer negócios garantindo que todos ganhem nesta relação”, concluiu.
O segundo dia do Fórum Empresarial Brasil-Chile, segue nesta quarta-feira, 24/4, com a presença de autoridades chilenas e abordará, entre outros, o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, com apresentação do projeto focado nos avanços da Rota Bioceânica, trecho que liga os portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile.