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Cuba, de destino dos americanos à Revolução

Nos anos 50 Cuba era o destino predileto das classes mais abastadas dos Estados Unidos. O Caribe ainda era pouco explorado e a ilha recebeu muitos investimentos em belas casas, surgindo também uma classe cubana de nível alto. Praias, pesca, shows eram atrações turísticas de grande atrativo.

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Ernest Hemingway lá morou e escreveu vários livros entre eles o famoso “O velho e o mar” em 1952.

Fulgencio Batista foi presidente eleito de 1940 a 1944 e voltou ao poder através de golpe militar em 1952 permanecendo até ser derrubado pela Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e Che Guevara em 1959.

Como a ditadura era ferrenha e as diferenças sociais enormes a chegada de Fidel foi comemorada como uma libertação tomando um caráter até romântico.

Passados poucos anos a epopeia dos guerrilheiros da Sierra Maestra localizada ao sul da ilha, próximo a Santiago de Cuba começou a se desgastar, Fidel Castro assumiu então uma postura de desapropriação de imóveis, desrespeito à propriedade privada e proibição da livre manifestação, Apesar de não ser comunista se voltou para o regime soviético naquele período de Guerra Fria e estivemos muito próximos de uma nova Guerra Mundial quando da instalação de bases militares russas no território cubano.

Tentativas de invasão de Cuba pelos exilados que haviam se instalados na Flórida acabaram em fracasso e mais radicalização política. O embargo econômico praticado pelos Estados Unidos como forma de pressão se tornou longo chegando até aos dias de hoje. A pobreza aumentou muito e as fugas pelo mar se multiplicaram e assumiram caráter heroico.

Aquele líder que esteve no Brasil encontrando-se com JK logo após a queda da ditadura de Batista se transformou em um novo ditador e o governo praticou todo tipo de violência inclusive com a morte de opositores através do “Paredón”. A influência da política cubana no Brasil acabou gerando uma crise grave quando Janio Quadros condecorou Che Guevara, já então participando de movimentos guerrilheiros em vários países. Como consequência, a crise criada se somou a outros problemas levando à renúncia de Jânio da Presidência da República.

A vida seguiu e com o apoio soviético o regime cubano conseguiu sobreviver parcialmente isolado até quando os turistas redescobriram as belas praias e a beleza histórica do país. Voos para Havana usando velhos aviões russos foram inaugurados ligando ao Brasil diretamente. A Espanha teve papel relevante nesta etapa de reabertura com a instalação de empresas hoteleiras o que possibilitou uma nova fonte renda.

Todavia apesar de avanços na Saúde básica e na Educação de grau inicial o país continuou atrasado economicamente e fechado em relação aos direitos fundamentais de liberdade. Com a morte de Fidel Castro a situação se agravou sob a gestão de novos dirigentes.

A fabricação e comercialização dos famosos charutos e a produção de açúcar ainda são algumas das principais atividades, acrescidas mais recentemente da prestação de serviços médicos que trouxe ao Brasil o” Programa Mais Médicos”. O Brasil financiou também o polêmico “Porto de Mariel” .

Do ponto de vista turístico a visita a Cuba se dá hoje através de voos do Panamá, México e dos Estados Unidos. Para os brasileiros as melhores rotas são pela companhia panamenha COPA sempre com escalas no Panamá.

O Centro Histórico da capital cubana tem um atrativo especial apesar da má conservação dos prédios. O “Malecon”que vem a ser a avenida que contorna a cidade junto ao mar é uma bonita atração assim como “La Bodeguita”,famoso bar frequentado por Hemingway quando lá residia.

O prédio do Congresso tem projeto copiado do Capitólio de Washington e o Hotel Nacional ainda estatal também tem marcas do período da opulência econômica.

Os automóveis antigos da década de 50 do século passado são utilizados até hoje e em grande quantidade desfilam seu colorido pela cidade. “Tropicana” e ”Bela Vista Social Clube” são atrações musicais tradicionais que sobreviveram e vivem sob administração estatal.

Alguns restaurantes privados já existem. Na praça central pode-se ver uma estátua de Tiradentes em um espaço que homenageia os Libertadores lationamericanos.

As praias se espalham pelo país sendo Varadero e Cayo Largo as mais procuradas .

Os preços normalmente não são muito altos e são cotados em pesos cubanos, euros e dólares, preferindo-se o euro no comércio em geral.

Conheci Cuba em 1995, 30 anos atrás, quando lá estive como convidado oficial para conhecer o sistema de “Saúde da Família”. Antes tinha ido a Washington onde assinei importante financiamento de 300 milhões de dólares para o “Programa de Qualidade na Educação”. Ambos os projetos foram implantados em Minas Gerais com muito sucesso evidenciando a importância da busca do interesse público independentemente da já cansativa dicotomia política atual de Direita x Esquerda.

Com a mente aberta uma viagem a Cuba pode ser interessante, enquanto se aguarda uma verdadeira revolução que integre os cerca de 11 milhões de habitantes que hoje vivem majoritariamente na pobreza.