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Cultura Circular, iniciativa que fomenta práticas sustentáveis para festivais, anuncia os selecionados da edição de 2024 no Brasil

– Feira Preta, Favela Sounds, Meeting of Favela, Kino Beat, Baguncinha, Se Rasgum, CoMA e Latinidades foram os festivais brasileiros selecionados.

– Edição de 2024 recebeu quase 100 propostas a mais do que em 2023, promovendo apoio financeiro e capacitação para 40 festivais em 10 países.

– Além dos objetivos sustentáveis e do intercâmbio cultural, aspectos ligados a equidade, diversidade e inclusão também foram considerados nos critérios de seleção para promover um setor cultural mais diverso.

Com o objetivo de promover a transformação sustentável do setor cultural, mitigar impactos ambientais e incorporar soluções ecoeficientes em festivais culturais e artísticos (música, teatro, cinema, artes visuais e outros subsetores), o British Council anuncia os selecionados para o Cultura Circular 2024. A iniciativa, destinada a gestores de festivais, dissemina o intercâmbio cultural entre o Reino Unido e o Brasil por meio das artes, da cultura e da promoção da sustentabilidade ambiental. Alguns dos benefícios a que os selecionados têm direito incluem o acesso às melhores práticas sustentáveis e a capacitação para transformar pessoas responsáveis pelo desenvolvimento cultural em agentes de mudança diante da crise ambiental.

A atual edição do Cultura Circular recebeu 10% mais inscrições em relação ao ano anterior e selecionou 40 festivais da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Jamaica, México, Peru, Trinidad e Tobago e Venezuela. Todos terão acesso a investimentos provenientes de um fundo global que totaliza 350.000 libras esterlinas (cerca de R$ 2,4 milhões). Além dos recursos financeiros, o programa realizado pela organização britânica oferece aos selecionados a oportunidade de fortalecer as habilidades dos organizadores de festivais por meio de um intercâmbio de boas práticas com especialistas britânicos, a fim de aumentar seu compromisso com o intercâmbio cultural visando objetivos sustentáveis.

No Brasil, os organizadores de cada evento selecionado receberão até 20 mil libras esterlinas (cerca de R$ 138 mil), dependendo do tamanho do evento, para promover a interculturalidade no desenvolvimento de ações em benefício do meio ambiente.

O Cultura Circular 2024 selecionou sete festivais em solo brasileiro, descritos a seguir:

– Kino Beat: a nova edição do festival, a ser realizada em 2024 no Rio Grande do Sul, irá promover ações em torno da catástrofe climática que acometeu o estado, devido às chuvas que fizeram o Rio Guaíba atingir o nível de inundação. Para isso, o evento dará continuidade às discussões e temáticas sobre os reinos naturais e o papel da humanidade na acelerada transição ambiental planetária. Proposta: colaboração com a artista escocesa Sue Shaw (aka SHEE) para a segunda edição da Residência Formigueiro, com o objetivo de, a partir do campo da arte, propor formas de entendimento, reflexão, sensibilização e prototipagem de possíveis ações multidisciplinares de enfrentamento à emergência climática local.

– Baguncinha: festival multicultural realizado em Cuiabá (MT) dedicado à promoção e celebração da música regional, especialmente a música autoral mato-grossense. O evento não apenas celebra a cultura local como também destaca a resiliência e a adaptação de seus moradores, que enfrentam temperaturas extremas intensificadas pelo aquecimento global. Proposta:  aproveitando os conhecimentos e expertises do artista britânico Jammz, renomado MC e produtor musical de grime, os organizadores do festival irão desenvolver atividades e produções que dialogam com a realidade dos músicos da cena grime de Londres e da emergente cena grime de Cuiabá, contemplando artistas locais como DVINTE, Mago e Fxrreira. O evento também irá promover uma troca colaborativa entre ambas as realidades musicais. Haverá ainda um show especial em collab no qual Jammz fará uma apresentação com artistas locais, criando uma fusão entre o grime britânico e a música regional mato-grossense.

– Se Rasgum: Realizado em Belém (PA), o Se Rasgum é hoje mais do que um festival de música, tendo se transformado em uma grande plataforma multicultural que integra ações sociais, de circulação e formação, dialogando com diversas linguagens artísticas e tornando-o um dos principais projetos de difusão e projeção da cultura e da música amazônica no Estado e no Brasil. Proposta: A 19ª edição do evento, em 2024, terá ao longo de quatro dias (sendo dois dias de acesso gratuito e dois dias pagos, a preços acessíveis) mais de 30 atrações, destacando artistas amazônicos, nacionais e internacionais. Também serão realizadas mais de 10 ações formativas e profissionalizantes com líderes da indústria musical e rodadas de negócio, visando fomentar a cultura local. Em paralelo, o evento também tem entre os seus objetivos alavancar ações de sustentabilidade com a gestão eficiente de todo o resíduo em parceria com cooperativas, promovendo a economia circular, além de auditoria e compensação do carbono gerado em todas as atividades.

– Feira Preta: Fundada por Adriana Barbosa, especialista em negócios sociais e diversidade racial, a plataforma PretaHub é resultado de vinte anos de atividades dedicadas a mapear, criar capacidades técnicas, promover a criatividade e incubar e acelerar empreendedores para comunidades carentes no Brasil. Proposta: Norteado pelo conceito de ASG (Ambiental, Social e Governança), o Festival Feira Preta tem como foco a responsabilidade ambiental e social como bússola de suas ações. O evento pretende aprofundar suas políticas ambientais que buscam repensar o uso de materiais em suas ações e infraestrutura, reduzir o consumo de insumos e materiais descartáveis e reutilizar materiais, estruturas e insumos para demandar menos recursos do planeta – além de fazer da sustentabilidade um meio de gerar mais oportunidades de negócios e renda.

– Favela Sounds: Fundado em 2016 para reunir os principais nomes e movimentos da música de favela do Brasil e talentos da diáspora africana pelo mundo, Favela Sounds é hoje o maior festival de cultura periférica no país. Acontece anualmente em Brasília, levando mais de 50 mil pessoas para sua programação gratuita. Proposta: Fortalecer e ampliar os recursos e ferramentas da cadeia produtiva da música de pista do Distrito Federal, fomentando novos talentos, consolidando carreiras em curso e gerando as apostas de futuro para os estilos eletrônicos, sobretudo afro-diaspóricos.

– CoMa e Latinidades: Realizado em Brasília, o Festival CoMA é uma celebração da música, cultura e criatividade brasileira, que busca unir pessoas, culturas e ideias em uma comunhão inspiradora. Já o Latinidades, considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina e com edições em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, é dedicado a promover equidade de raça e gênero, assim como uma plataforma de formação e impulsionamento de trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de atuação. Proposta: Realizar painel de apresentação sobre sustentabilidade em eventos, visando sensibilizar 20 empreendedores sobre a importância de engajamento em soluções de impacto vinculadas às demandas socioambientais locais e globais, em especial às injustiças climáticas. O objetivo é que todos saiam com um plano de sustentabilidade concreto.

– Meeting Of Favela (MOF): Maior festival voluntário de graffiti e arte urbana do mundo. Mais de 600 grafiteiros e artistas visuais de todos os continentes reúnem-se anualmente na Vila Operária, em Duque de Caxias (RJ), para pintar voluntariamente os muros da comunidade. Proposta: Realização de residência com o artista inglês Julian Phethean (aka Mr. Cenz) para a entrega de duas obras públicas em Duque de Caxias e na capital fluminense. Também serão realizadas duas ativações complementares. A primeira etapa, no OI FUTURO, terá um dia inteiro de programação dedicado ao debate sobre as oportunidades que a “street art” traz para jovens de comunidades e em situação de vulnerabilidade econômica e social. Já a segunda etapa será o festival MOF propriamente dito.

Vale destacar que durante a edição do Cultura Circular 2024, além da demonstração de interesse em um futuro sustentável e na integração multicultural, o British Council levou em conta critérios de inclusão na seleção das propostas. De acordo com uma pesquisa realizada pela organização entre os candidatos, do total de participantes, 91% disseram ter políticas de inclusão em áreas como raça, igualdade de gênero, diversidade sexual, deficiência e condição socioeconômica. Além disso, 78% mencionaram que os festivais são dirigidos por mulheres, enquanto cerca de 40% têm na liderança pessoas negras ou indígenas.

Da mesma forma, alguns outros critérios atendidos pelos projetos selecionados foram:

– Demonstrar compromisso com a implementação de práticas sustentáveis que realmente resultem em uma alternativa que enfrente a crise ambiental.

– Demonstrar uma parceria com um homólogo do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte, País de Gales), incluindo uma carta de intenções assinada pela organização ou artista britânico correspondente.

– O parceiro deve se comprometer a contribuir ativamente com as atividades do festival, como apresentações, palestras, workshops etc. O grau de participação dependerá da natureza da atividade planejada dentro do festival.

– Os projetos propostos devem abranger pelo menos uma das disciplinas artísticas mencionadas na chamada (artes visuais, artes digitais, cinema, dança, arquitetura, design, moda, literatura, música ou teatro).

“A igualdade, a diversidade e a inclusão estão presentes em nosso trabalho em todo o mundo, seja nas artes, na sociedade, na educação inclusiva ou no ensino da língua inglesa. Nosso objetivo é desenvolver programas e projetos inclusivos que reúnam pessoas com experiências e origens diferentes. Esperamos que isso enriqueça as experiências de todos e, em última análise, leve a sociedades mais inclusivas e à conscientização, neste caso, do impacto e do trabalho que temos sobre o meio ambiente”, disse María García Holley, Diretora Regional de Artes para as Américas do British Council.

Após serem selecionados, os gestores dos festivais receberão investimentos focados na promoção do intercâmbio cultural e treinamentos de sustentabilidade com o apoio de especialistas britânicos. Em última análise, os festivais terão de demonstrar a incorporação do conhecimento adquirido nos programas de formação, colocando as atividades sustentáveis em prática nos seus festivais.

“Também temos como objetivo elevar o nível de sustentabilidade do setor cultural e aumentar o comprometimento de todos os envolvidos, desde gerentes, fornecedores, funcionários públicos e, é claro, o público, para transformar qualquer manifestação cultural em um investimento sustentável e inclusivo – e que, diante desses benefícios, atraia credibilidade e reconhecimento, o que poderia gerar modelos replicáveis que podem ser aplicados além dos eventos e abranger outros setores culturais, como mercados de rua, bazares, teatro e dança”, acrescentou García Holley.

Desde 2021, o Cultura Circular já beneficiou mais de 65 festivais culturais em mais de 30 cidades diferentes da América Latina. Todo esse alcance gerou mais de 1 milhão de engajamentos significativos, com mais de 150 milhões de impactos para promover a mensagem da importância da sustentabilidade na cultura.

Sobre o British Council

O British Council é a organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais. Apoiamos a paz e a prosperidade construindo conexões, entendimento e confiança entre as pessoas no Reino Unido e em países do mundo todo. Fazemos isso por meio de nosso trabalho em Artes e Cultura, Educação e Língua Inglesa. Trabalhamos com pessoas em mais de 200 países e territórios e estamos presentes em mais de 100 países. No ano fiscal de 2022-23 atingimos 600 milhões de pessoas.

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Crédito da foto: Pixabay