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Eleições 2026 em Minas Gerais: comunicação e estratégia definirão o jogo político

Por Rodrigo Bueno, especialista em marketing político e fundador da Deja Estratégia

A mais recente pesquisa Genial/Quaest apresentou um primeiro esboço da disputa pelo governo de Minas Gerais em 2026. Com a eleição ainda distante, a fotografia do momento revela um nome largando na frente: o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), com 33% das intenções de voto. Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte, aparece em segundo, com 16%, enquanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), registra 8%. Já o vice-governador Mateus Simões, nome apoiado por Romeu Zema, tem 4%.

Os números, por si só, já contam parte da história. Mas a grande questão é: por que Cleitinho desponta como favorito? E será que essa vantagem se manterá até 2026? O que diferencia Cleitinho dos demais pré-candidatos é um fator cada vez mais decisivo na política: a comunicação. Ele entendeu cedo que, em tempos de redes sociais, presença digital e discurso direto são ferramentas poderosas para engajar o eleitorado. Seu estilo simples, falas curtas e vídeos dinâmicos nas redes sociais o tornam um nome acessível e popular.

Rodrigo Bueno, especialista em marketing político e fundador da Deja Estratégia | Foto: Valois Studio

Não é coincidência que Cleitinho tenha uma base forte no eleitorado mineiro. Ele utiliza uma estratégia de comunicação semelhante à adotada por nomes que cresceram politicamente nos últimos anos: linguagem popular, foco em pautas polêmicas e um posicionamento claro sobre temas que mobilizam a opinião pública.

Por mais que a vantagem seja confortável hoje, o cenário está longe de estar consolidado. A pesquisa da Quaest mostrou que 50% dos mineiros acreditam que o governador Romeu Zema tem força para eleger um sucessor. Isso coloca Mateus Simões no jogo, principalmente se a atual gestão continuar entregando resultados positivos até 2026.

Outro ponto importante é a memória eleitoral. Kalil, por exemplo, já foi prefeito da capital e tem recall. Se voltar a se movimentar politicamente, pode se tornar um nome competitivo. Rodrigo Pacheco, por sua vez, apesar de bem posicionado nacionalmente, precisaria fortalecer sua imagem dentro do estado para se viabilizar como candidato.

Se há algo que essa pesquisa deixa claro, é que a comunicação será decisiva. Para quem está atrás, não basta apenas articulação política ou uma boa gestão – é preciso saber contar uma história que conecte com o eleitor.

Os pré-candidatos que quiserem transformar intenções de voto em resultado real precisarão equilibrar três pilares fundamentais: a articulação política, que envolve construir alianças, ampliar bases e entender os grupos de influência no estado; a comunicação eficaz, garantindo presença digital, engajamento e a capacidade de transformar propostas em discursos que viralizam; e a gestão eficiente, essencial para quem já está no governo, demonstrando resultados concretos e mantendo uma boa avaliação.

Ainda há muito tempo até outubro de 2026, mas quem souber usar esse período para construir um posicionamento forte, definir um discurso claro e engajar o eleitor já estará largando na frente. Se hoje Cleitinho domina as redes e lidera as pesquisas, os próximos meses mostrarão quem tem fôlego para disputar o governo de Minas Gerais e quem conseguirá fazer bem o dever de casa.