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História e literatura revelam a força simbólica do vinho ao longo dos séculos

O vinho é mais do que uma bebida ancestral, é um símbolo cultural que atravessa séculos de história, rituais e narrativas. Está presente nas grandes obras da literatura mundial e brasileira como metáfora da vida, do prazer, da espiritualidade, da embriaguez e da criação artística. Pensando nisso, WOW (World of Wine) reuniu algumas referências e interpretações literárias nas quais o vinho assume destaque.  

Crédito: Unsplash

Na literatura clássica, era chamado de “sangue da terra”, exaltado em banquetes épicos como símbolo de hospitalidade e conexão com o divino. Na poesia romana de Horácio, representa o carpe diem, o convite para aproveitar a vida. Na Bíblia, a bebida transita entre o sagrado e o profano: é usado em celebrações, mas também associado à queda e à vulnerabilidade humana. 

Ao longo do tempo, tornou-se um instrumento de liberdade, crítica social e inspiração artística. Em Gargântua e Pantagruel, obra de François Rabelais, é a bebida dos gigantes; em Shakespeare, é sinônimo de paixão e descontrole; em Baudelaire, é fuga e transcendência: “é preciso que vos embriagueis sem descanso. Mas, com quê? Com vinho, poesia, virtude. Como quiserdes. Mas, embriagai-vos.” 

Em obras como Paris é uma Festa O Sol Também se Levanta, de Ernest Hemingway, o vinho é parte essencial do cotidiano boêmio, da introspecção masculina e da busca por autenticidade. Para o escritor, beber era ritual de convivência e escrita, sempre com medida, sempre com intenção. “Eu bebi uma garrafa de vinho por companhia. Era um Château Margaux. Era agradável bebê-lo sozinho e devagar, apreciando-o. Uma garrafa de vinho é uma ótima companhia”.  

Na literatura brasileira, a bebida aparece como símbolo de sofisticação, introspecção e, por vezes, decadência. Em Machado de Assis, por exemplo, está presente nos jantares e conversas da elite, marcando, às vezes, a solidão das personagens. No movimento simbolista, aparece como metáfora de estados alterados de consciência e revelações espirituais. Em poemas como “Canção do Bêbado”, Cruz e Sousa retrata a embriaguez como uma fuga da realidade e um mergulho em visões sobre-humanas. 

The Art of Drinking 

Entre os museus em destaque do WOW está o The Art of Drinking. Criado a partir da coleção de copos e recipientes para bebidas de Adam Bridge, CEO do WOW, o museu convida as pessoas a refletirem sobre a forma como diferentes civilizações encararam o ato de beber. 

No espaço, o visitante pode observar como a estética dos recipientes evoluiu ao longo do tempo, refletindo os diferentes significados culturais atribuídos às bebidas, o que contribui para uma compreensão mais rica dos textos literários em que o vinho está presente.  

Cada taça, jarro ou cálice exposto é mais do que um objeto funcional: é um artefato carregado de simbolismo, que revela valores sociais, crenças espirituais, hábitos cotidianos e momentos de celebração. 

Sobre o WOW  

Localizado em Vila Nova de Gaia, em frente à cidade do Porto, às margens do Rio Douro, o WOW é um complexo cultural e gastronômico com seis museus, doze bares e restaurantes, escola de vinho, fábrica de chocolates, exposições e eventos.  

Fontes:

https://vejario.abril.com.br/coluna/vinoteca/vinho-ernest-hemingway/#:~:text=%E2%80%9CEu%20bebi%20uma%20garrafa%20de,vinho%20%C3%A9%20uma%20%C3%B3tima%20companhia%E2%80%9D.

https://vejario.abril.com.br/coluna/vinoteca/o-vinho-em-palavras-a-historia-dos-livros-sobre-vinho

https://revistaadega.uol.com.br/artigo/o-papel-do-vinho-nas-pecas-de-william-shakespeare.html

https://www.recantodasletras.com.br/poesias/3359744