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Imigrantes movimentam os EUA — mesmo com a régua curta de Trump; brasileiros ganham protagonismo

Mesmo diante de um cenário de políticas migratórias mais rígidas sob o governo de Donald Trump, os imigrantes continuam sendo um dos principais motores da economia dos Estados Unidos — e os brasileiros têm ganhado espaço de forma notável dentro desse movimento.

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É o que mostra o Relatório 2024 do PIB Latino nos EUA, baseado em dados do Banco Mundial: em 2022, a população latina movimentou mais de US$ 3,2 trilhões, o que colocaria esse grupo como a quinta maior economia do mundo, à frente de países como Índia, Reino Unido, França e até o Brasil. O dado escancara a força econômica da comunidade imigrante, mesmo com a pressão política e regulatória crescente.

Nova era Trump e os desafios da imigração

Desde que reassumiu a presidência em janeiro de 2025, Donald Trump vem reforçando a retórica e as medidas contra a imigração. Em maio, a Suprema Corte autorizou a retirada de vistos de até 500 mil imigrantes, sob justificativa de proteção à segurança nacional.

Mais recentemente, o presidente assinou um decreto suspendendo a emissão de vistos para novos estudantes estrangeiros da Universidade de Harvard, sob acusações de que a instituição promove um “ambiente hostil”, estaria ligada a discursos antissemitas e até a ideologias alinhadas ao Partido Comunista Chinês. O Departamento de Segurança Interna (DHS) também anunciou que a universidade perderia acesso a programas de vistos para estudantes internacionais.

Apesar disso, o governo adota uma abordagem seletiva, com foco maior na imigração ilegal e monitoramento rigoroso da imigração legal, especialmente nas áreas de educação e tecnologia.

Brasileiros em ascensão no motor econômico americano

Em meio a esse contexto, os brasileiros têm se destacado cada vez mais dentro da engrenagem econômica dos EUA. Estima-se que quase 2 milhões de brasileiros residam no país, ocupando postos estratégicos em setores como construção civil, saúde, logística, tecnologia e outros serviços essenciais. Além disso, a taxa de empreendedorismo entre brasileiros está entre as mais altas entre grupos de imigrantes.

Para o advogado e professor Dr. Vinicius Bicalho, membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), os números não deixam margem para dúvidas — mesmo diante da retórica mais rígida do atual governo: “Os imigrantes — e aqui faço questão de destacar os brasileiros, que são os quais tenho mais acesso — exercem um papel cada vez mais relevante no dinamismo da economia americana. São motores de inovação, força de trabalho essencial, consumo ativo e empreendedorismo crescente. Os números escancaram o que a política muitas vezes tenta ignorar: os imigrantes não enfraquecem os Estados Unidos, eles os fortalecem.”

Segundo ele, por mais que o governo Trump esteja empenhado em restringir fluxos e apertar o controle migratório, o próprio sistema americano reconhece o valor desses trabalhadores e empreendedores — e aposta na legalidade como via de equilíbrio: “É importante lembrar que a legalidade continua sendo a principal ferramenta nesse processo. E apesar da retórica dura, os EUA têm trabalhado fortemente para garantir que a imigração legal, bem estruturada, continue existindo. Os dados mostram que não se trata de fechar portas, mas de regular com mais atenção.”