Notícias

Menos de 1% dos estudantes internacionais no Reino Unido escolheram a América Latina nos últimos 20 anos

>> Pesquisa do British Council aponta que estudantes do ensino superior tiveram mobilidade internacional limitada entre a América Latina e o Reino Unido; e que educação transnacional entre universidades britânicas e países como Brasil, México e Peru está restrita principalmente ao ensino a distância e à educação online

>> No entanto, a colaboração internacional ativa em pesquisa posiciona o Reino Unido como um dos principais parceiros dos três países, respondendo por entre 4% e 6% da produção científica colaborativa

>> Ainda segundo o estudo, relações entre o Reino Unido e países como Brasil, México e Peru no setor acadêmico floresceram sobretudo com o apoio de iniciativas governamentais

As relações entre o Reino Unido e os países da América Latina – especialmente Brasil, México e Peru – no setor acadêmico floresceram com o apoio de iniciativas governamentais. No entanto, a mobilidade internacional de estudantes do ensino superior entre a América Latina e o Reino Unido permaneceu limitada nas últimas duas décadas. Essas são as principais conclusões destacadas na pesquisa “O panorama da educação transnacional e o reconhecimento mútuo de qualificações na América Latina”, lançada recentemente pelo British Council.

A versão do estudo para Brasil pode ser acessada nesse link. Segundo a pesquisa, nas últimas duas décadas, a América Latina foi responsável por menos de 1% dos estudantes com mobilidade internacional entre a região e o Reino Unido. O Brasil registrou um pico de mobilidade em 2015, em grande parte impulsionado pelo programa governamental Ciência sem Fronteiras. Em relação ao México, o número de estudantes com mobilidade internacional atingiu o pico em 2016, chegando a um recorde histórico de quase 2.000 pessoas.

Por outro lado, há uma forte colaboração internacional em pesquisa entre Reino Unido e Brasil, México e Peru. O estudo mostra que o Reino Unido está entre os principais parceiros de pesquisa dos três países, onde representa entre 4% e 6% da produção de pesquisa colaborativa. Atualmente, o Reino Unido é o segundo maior parceiro de pesquisa do Brasil, depois dos EUA, e o terceiro maior parceiro de pesquisa do México, depois dos EUA e da Espanha.

O estudo divulgado pelo British Council oferece uma análise detalhada das oportunidades e dos desafios das parcerias TNE (sigla em inglês para transnational education) no Brasil, México e Peru. O documento também analisa a situação atual do reconhecimento mútuo de qualificações entre universidades sediadas na América Latina e no Reino Unido, assim como o papel desses acordos na facilitação das atividades de TNE na região. A análise se concentra nos três principais componentes da internacionalização do ensino superior: mobilidade internacional de estudantes, colaborações em pesquisa e parcerias educacionais transnacionais.

“Nosso objetivo é que as instituições de ensino superior da América Latina aproveitem esse estudo para impulsionar seus esforços de internacionalização e fortalecer seus laços com o Reino Unido, já que cerca de 61% da atividade de TNE do Reino Unido está focada no nível de graduação no mundo todo. Ao acessar insights, recomendações e práticas em nossos relatórios, as instituições podem orientar estrategicamente suas parcerias em direção ao sucesso”, diz Lisdey Espinoza, Diretora do Centro de Ensino Superior e Pesquisa Estratégica para a América Latina do British Council.

Parcerias educacionais limitadas

Em comparação com outras áreas geográficas, as parcerias de TNE entre o Reino Unido e a América Latina permanecem limitadas. Em toda a região, o México é o principal país para TNE, com quase 900 estudantes cuja origem ou destino foi o Reino Unido no biênio 2021-22, seguido pelo Brasil (750) e pelo Peru (405). De acordo com o Aggregate Offshore Record da HESA (Higher Education Statistics Agency, agência de estatísticas do ensino superior no Reino Unido), o ensino a distância e a educação online dominam como métodos de educação transnacional na América Latina. Eles representaram 100% dos alunos de TNE no Peru, 84% no Brasil e 52% no México.

Para destacar os benefícios da internacionalização do ensino superior nas universidades regionais, a pesquisa estudou o engajamento interpaíses no ensino superior entre o Reino Unido e a América Latina; o panorama do ensino superior internacional no Brasil, México e Peru; as estruturas regulatórias para a TNE nesses países; os benefícios e desafios para as parcerias de TNE nos níveis educacional e governamental; e a importância percebida dos acordos de reconhecimento mútuo de qualificações para impulsionar a cooperação global entre universidades da América Latina e do Reino Unido e o crescimento da TNE.

Contexto de TNE no Brasil

No Brasil, a internacionalização do ensino superior é cada vez mais reconhecida como uma prioridade, com 76% das instituições tendo definido estudos no exterior e intercâmbios acadêmicos como objetivos principais. A colaboração em pesquisa (65%) e as parcerias internacionais (64%) também são altamente valorizadas. Apesar disso, a atividade de TNE permanece limitada devido à falta de uma estrutura regulatória que facilite as parcerias internacionais.

Como resultado, a mobilidade dos programas acadêmicos e das instituições é baixa, e a maioria das parcerias de TNE depende do ensino a distância. Embora as universidades do Reino Unido desempenhem um papel fundamental na colaboração em pesquisa, as instituições francesas e alemãs são atualmente os parceiros de TNE mais proeminentes para as universidades brasileiras.

No entanto, no Brasil, as instituições de ensino superior, acadêmicos, agências educacionais e órgãos governamentais consideram a TNE uma ferramenta essencial para aprimorar a internacionalização do ensino superior e promover o desenvolvimento socioeconômico.

Isso porque, segundo a pesquisa, a educação transnacional proporcionou a oferta de cursos em regiões carentes, fortaleceu laços com as indústrias locais e contribuiu para a retenção de talentos. Além disso, 50% das instituições de ensino superior brasileiras oferecem programas de dupla diplomação e 38% participam de colaborações em cursos online com universidades estrangeiras – o que indica um interesse crescente na TNE como um meio de expandir o envolvimento global.

Sobre o British Council
O British Council é a organização internacional do Reino Unido para relações culturais e oportunidades educacionais. Apoiamos a paz e a prosperidade construindo conexões, entendimento e confiança entre as pessoas no Reino Unido e em países do mundo todo. Fazemos isso por meio de nosso trabalho em Artes e Cultura, Educação e Língua Inglesa. Trabalhamos com pessoas em mais de 200 países e territórios e estamos presentes em mais de 100 países. No ano fiscal de 2022-23 atingimos 600 milhões de pessoas. 

www.britishcouncil.org.br 

Facebook

X

YouTube

Instagram

Crédito da foto: Pixabay