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Percorrendo as brancas e inclinadas ruas de Monsaraz, deparamo-nos, para as bandas da alcáçova, ao fundo da Rua de Santiago, com uma casa de dois pisos, com painel azulejado entre duas janelas de cantaria, que a tradição local afirma ter sido um tribunal da inquisição.
Não foi, com certeza, um tribunal da Inquisição, porque o pequeno burgo de Monsaraz nunca possuiu semelhante desígnio e os julgamentos dos crimes dos cristãos-novos montesarenses eram da competência do Santo Ofício de Évora.
O “edifício da Inquisição” em Monsaraz terá apenas funcionado como albergue de um familiar do Santo Ofício ou, quanto muito, como estadia temporária de acusados, que mais tarde seriam julgados no Tribunal do Santo Ofício em Évora.
Mas a nossa história judaica não começa com a Inquisição no século XVI.
A antiguidade da minoria hebraica de Monsaraz encontra-se já documentada no foral concedido por D. Afonso III em 1276, e suspeita-se ainda nos termos da carta lavrada em Monsaraz a 15 de maio de 1317, já no reinado de D. Dinis, aludindo à venda de Mourão ao mercador Martim Silvestre, pai do cavaleiro Gomes Martins, em 19 de abril do mesmo ano.
No reinado de D. Fernando, em outubro de 1382, deparamos com um judeu importante, que as fontes documentais dão como morador em Monsaraz.
Esse judeu chamava-se Abrão Alfarime, “morador em Monsaraz” e, numa carta de arrendamento dos direitos pertencentes aos almoxarifados de Monsaraz e Mourão, expedida de Lisboa pelo Rei D. Fernando e dirigida ao almoxarifado e escrivão de Monsaraz e Mourão, figura ele como arrendatário desses privilégios reais.
São várias as fontes que nos indicam, com alguma precisão, a existência de provas documentais e arqueológicas que atestam a subsistência de uma próspera comunidade judaica em Monsaraz.
Instalado na Casa do Morgado, uma casa setecentista de grande valor histórico-arquitetónico, e a partir do Regimento do Santo Ofício, com base na Realidade Aumentada, cria-se um centro interpretativo que desloca o visitante para um universo histórico-sociológico, transportando o utilizador para outra época, tornando a experiência única e singular.
De forma pedagógica e elucidativa, o visitante acompanha as diferentes fases de um processo inquisitorial. O guião expositivo, em parte, tem como suporte o processo de Guiomar Mendes, cristã-nova castelo-vidense presa pela Inquisição de Lisboa em 1662.
Numa vila com uma proeminente comunidade judaica, Castelo de Vide recebeu várias vezes a visita do “Visitador”, que era uma forma de ampliar a presença inquisitória por todo o País.
Como forma de relembrar todo o processo, “A Casa da Inquisição”, retrata a vida da cristã-nova Guiomar Mendes, desde o momento em que entrou no cárcere até ao minuto final, ou seja, o auto-de-fé.
O Meliá Castelo Branco é um hotel de 4 estrelas que está situado no alto de uma colina, junto ao Castelo da cidade, e que se destaca pela magnífica vista panorâmica sobre Castelo Branco, a raia e a Serra da Estrela.
Vinicola Judaica
A Casa da Vivência Judaica é um projeto que visa preservar e valorizar o legado da comunidade judaica medieval e cristã-nova moderna local.
Situada no antigo arrabalde medieval, é um imóvel de arquitetura vernacular, reabilitado pelo Município para o efeito, onde se desenvolve a narrativa histórica desta comunidade e o seu papel na construção de
Gouveia, como objeto urbano e identidade cultural.
Recorrendo aos artefatos arqueológicos – como a inscrição hebraica da sinagoga – a fontes documentais e, particularmente, às evidências encontradas no atual edificado histórico – e simbolismo gravado nas ombreiras e
fachadas desses imóveis, identificados num levantamento arqueológico em 2014 – posicionamos, no tempo e no espaço, a relevância destas comunidades na construção urbana e identitária da cidade e do concelho de Gouveia, tendo em vista a valorização deste património como atrativo turístico mas também como fonte de informação para o conhecimento da história local.
FOTOS SUELY CALAIS/DIVULGAÇÃO VISIT CENTER OF PORTUGAL