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Mulheres são 48% da liderança do agronegócio mineiro

Participação feminina cresce de 59 mil para 86 mil em uma década

Não é novidade para ninguém que, cada vez mais, as mulheres conquistam espaços antes ocupados majoritariamente por homens. O agronegócio, campo antigamente extremamente misógino, hoje cresce consideravelmente na liderança feminina, o que representa uma conquista e tanto para o feminismo e para a sociedade. 

Conforme o Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os estabelecimentos conduzidos por mulheres, em Minas Gerais, saltaram de 59 mil para 86 mil em uma década. Fato explicado pelo pioneirismo e perseverança de tantas mulheres envolvidas no mundo do agronegócio, onde o preconceito e a discriminação de gênero são muito presentes.

A produtora Maria Teresa Boari é uma dessas mulheres. Nascida no município Coronel Xavier Chaves, ela conta como teve fé em seu projeto de produção de queijo artesanal e não se intimidou em ter que trabalhar com uma equipe predominantemente masculina.

“A zona rural é mais machista do que a cidade e tem lá suas complicações. É preciso seguir firme com as nossas crenças. A mulher é atenta, cuidadosa… Essa sensibilidade tem que vir ao mundo. São essas qualidades que trazemos para o campo ao entrarmos no negócio”, afirma Maria Teresa. 

E não é só na área prática da agropecuária que houve avanços, mas na parte administrativa também. Na administração pública do governo de Minas, a produtora rural Ana Maria Valentini foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no período de 2019 a abril de 2022.

“Eu me senti honrada em ser a primeira mulher a assumir esse cargo. Eu não conhecia o governador Romeu Zema, não tive nenhuma indicação política, e ter chegado ao cargo por processo seletivo é motivo de muito orgulho para mim”, conta Ana. 

Ela também relata seu entusiasmo em relação ao crescimento da participação feminina no setor agropecuário. “Temos visto a participação das mulheres crescendo nas propriedades agrícolas, nas empresas que fornecem insumos e sementes, assim como na assistência técnica. Isso nos deixa muito esperançosas com o protagonismo da mulher no ramo.”

E, como essa, há várias outras histórias de empoderamento, de como as mulheres ultrapassaram as barreiras do patriarcado, que as deprecia e inferioriza tanto. A da presidente da Associação dos Produtores Rurais e Irrigantes do Noroeste de Minas, por exemplo, é mais uma delas. 

Rowena Betina Petroll, zootecnista e produtora rural, assumiu a liderança da propriedade da família há 36 anos e afirma, com convicção, a importância da educação sem discriminação de gênero nesse processo. “A minha educação foi fundamental para que eu pudesse tocar uma fazenda sozinha. Eu fui criada sem o preconceito por ser mulher.” E, em outra fala, ela reforça o poder da capacidade feminina para exercer qualquer atividade. “O empoderamento feminino se chama conhecimento. E, quando ele se junta à competência, a liderança vem naturalmente.”

Além disso, outra alteração que tem sido feita no mundo do agro é em relação à terceirização de frota em BH, que vem crescendo cada vez mais. Isso porque a terceirização facilita a eficiência operacional e reduz os custos. 

Avanços como esse são extremamente significativos e representam um grande passo em direção à equidade de gênero. 

Crédito da foto: Pixabay