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No Ano Mineiro das Artes, Chico Lobo convida Pedro Mestre para um encontro de violas no estande de Minas na BTL Lisboa

Parceria, que já dura 20 anos, celebra os laços culturais e valoriza a música de raiz dos dois países

Chico Lobo (esquerda) e Pedro Mestre – Foto Marden Couto – Turismo de Minas

Como em 2025 é celebrado o Ano das Artes, Minas Gerais promove seus artistas e os destinos referência na arte e criatividade, buscando romper barreiras geográficas e sociais. Para encerrar a participação diária de Minas na Bolsa de Turismo de Lisboa – BTL Lisboa, uma das feiras do setor mais importantes do mundo, o mineiro Chico Lobo e o português Pedro Mestre realizam um encontro de violas caipira e campaniça em um show regado a boa prosa mineira e alentejana, celebrando os laços culturais entre os dois países e valorizando a tradição da música de raiz dos dois territórios.

“A presença da viola no estande de Minas Gerais na BTL reafirma nossa identidade cultural e as profundas conexões históricas entre Minas e Portugal. Mais que um instrumento, a viola é um patrimônio sonoro que traduz a alma do nosso povo e convida o mundo a experienciar a riqueza da nossa tradição”, destaca Leônidas de Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. 

O repertório dos dois violeiros é basicamente instrumental. São três momentos de apresentação: dois solos de Chico Lobo e um com os dois violeiros, com duração de 30 minutos. A ação na BTL Lisboa, que termina neste domingo (16/3), integra o AMA – Ano Mineiro das Artes, programa da Secult-MG. 

Chico Lobo conheceu Pedro Mestre em 2006, quando foi mostrar nossas afinações em terras lusitanas. O encontro dos violeiros ocorreu pela primeira vez na cidade de Serpa. De lá para cá, eles promoveram vários shows no Brasil e em Portugal, que resultaram em um DVD, um documentário e em um evento maior, o Encontro de Violas de Arame, que já está em sua décima edição e reúne violeiros brasileiros e portugueses. 

Intercâmbio cultural

Campaniça é a denominação da viola do Alentejo, a terra de Pedro Mestre. Lobo explica que, a partir dos anos 1960, os historiadores portugueses definiram o nome das violas pelos lugares, como a viola braguesa (Minho), a viola beiroa (Beira Baixa), a viola de arame (Ilha da Madeira) e a viola da terra (Açores). “São todas violas de arame, que até originaram a nossa viola, que é incorporada a partir da madeira brasileira e ganha características regionais”, explica o músico brasileiro. 

As diferenças são culturais, o modo de tocar: enquanto a viola campaniça o músico toca com o polegar, a caipira é com o polegar e o indicador, podendo inclusive usar outros dedos. O formato da campaniça também é diferente: ela parece quase um oito a caipira menos cintura. Mas o bonito, segundo Chico Lobo, são as semelhanças entre os instrumentos. Ambos são cinco ordens de corda dupla e tocam e representam uma cultura de identidade muito arraigada. “Assim quando soam juntas realmente parecem mãe e filha”, acrescenta.

Pedro Lobo disse que é uma satisfação enorme estar aqui a convite do governo de Minas Gerais para tocar a viola campaniça, uma junção de duas violas portuguesas, e quem sabe a viola-mãe, a viola caipira brasileira. “Convidei Pedro Mestre, um dos principais artistas da viola portuguesa, para mostrar o nosso Encontro de Violas, que completa 20 anos, mostrando essa partilha da viola mineira com a portuguesa”, complementa.

Chico Lobo tocará trechos da ópera “Matraga”, inspirada em “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, fazendo uma ponte com o sertão do escritor Guimarães Rosa, enquanto Pedro Mestre apresentará toques de viola ancestral campariça, o despique, um estilo musical tradicional do Alentejo que lembra o nosso improviso. “A viola é um patrimônio de Minas Gerais e é um sonho poder levar o reconhecimento de nossa viola para Portugal, que é a sua origem”, comemora Lobo.

Pedro Mestre (esquerda) e Chico Lobo – Foto Marden Couto – Turismo de Minas