Nos Açores, somos um povo migrante.
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Há quase 600 anos que vivemos nas nove ilhas – Santa Maria, São Miguel, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico, Faial, Flores e Corvo – e há mais de 400 anos que delas saímos sem nunca as deixar.
Levamo-las para o Brasil, mas também para o Uruguai, nos séculos XVII e XVIII; para os Estados Unidos da América, mas também Havai e Bermuda, no século XIX; e para o Canadá, já no século XX.
Hoje, formamos uma açorianidade sem fronteiras, por força do Divino Espírito Santo-Brasil
O Brasil é o primeiro destino histórico da emigração açoriana.
Em 1619, 300 casais açorianos, correspondentes a mais de mil pessoas, chegam ao Maranhão para garantir o domínio português do norte do Brasil, ameaçado por franceses, ingleses e holandeses.
Mais tarde, 50 famílias provenientes dos Açores fixam-se no atual Estado do Pará para povoarem e desbravarem a terra.
Mas o primeiro grande fluxo emigratório açoriano, com caraterísticas sistemáticas, tem como objetivo o sul do Brasil e ocorre no século XVIII, de 1748 a 1756, com a saída de milhares de famílias dos Açores, que assim cumprem uma política de ocupação planeada pelo reino de Portugal.
A chegada dos casais açorianos ao Desterro, atual Florianópolis, permite ocupar a ilha de Santa Catarina e o litoral continental, dando origem a atuais municípios como S. José da Terra Firme, Itajaí ou Laguna.
Provenientes de Santa Catarina, os ilhéus chegam ao Rio Grande do Sul em 1752, impulsionando, duas décadas depois, a formação de Porto dos Casais, atual capital estadual de Porto Alegre, a maior cidade do mundo fundada por açorianos, já com um milhão e meio de habitantes.
Outros estados brasileiros com significativa e mais recente emigração açoriana são Rio de Janeiro e São Paulo.
Na cidade carioca, até final dos anos 30 do século XX, os emigrantes provenientes das ilhas do grupo central do arquipélago dos Açores trabalham sobretudo na produção de leite e no comércio, especialmente queijarias, e passam depois a trabalhar em pequenos açougues, nalguns casos como proprietários.
Na cidade paulista, os emigrantes açorianos são maioritariamente originários da ilha de São Miguel e trabalham inicialmente na indústria têxtil.