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O futuro da inteligência artificial: romance do escritor paranaense Roger Dörl, radicado em Brasília/DF, mergulha no universo da realidade virtual

A partir de uma personagem feminina, “Alena existe”, publicado pela Ases da Literatura, mostra um mundo em que a realidade virtual ultrapassa a vida real

Um pouco antes de perder a consciência, ainda repreendeu a si mesma por voltar a se perturbar com aquela ideia absurda e sem nenhum fundamento de que máquinas seriam capazes de matar um cidadão de Um Mundo.”

Trecho de “Alena Existe” (pág. 9)

Uma jovem que adora viver aventuras. Este poderia ser um ponto de partida para uma história simples e feliz, mas para o escritor paranaense Roger Dörl (@rogerdorlartes), radicado em Brasília (DF), é aí que começam os problemas de Alena. “Alena existe” (492 pág.), livro de estreia de Roger Dörl, publicado pela Ases da Literatura (@editoraasesdaliteratura), nos mostra um mundo — ao mesmo tempo, tão próximo e tão distante — em que a realidade virtual substituiu quase completamente o chamado “mundo real” e as personagens mais interagem através deste outro universo, o Masterverso, do que com a própria realidade. 

O livro conta a história de Alena, uma jovem que adora adrenalina e tem como principal hobby escalar montanhas. Para sua tristeza, porém, no Masterverso, as interações no mundo real são cada vez mais raras, então ela passa seus dias em simulações de montanhas realizando essas atividades que, neste mundo, são a todo instante acompanhadas por tutores e psicólogos que medem sua alegria, seu grau de insatisfação, raiva e outros sentimentos. 

Até que um dia, um estranho evento acontece: durante uma dessas simulações um pequeno erro no Masterverso faz ela entrar em contato com um mundo absolutamente desconhecido. O que será que há por trás deste aparente mundo de alegrias?

Através de sua trama, “Alena existe” discute temas essenciais para o nosso mundo contemporâneo como as implicações da realidade virtual e inteligência artificial em questões sociais e de saúde mental. “Vislumbrei um futuro em que todos estarão completamente imersos na virtualidade, sem mais a menor habilidade para o convívio humano direto”, comenta o autor. Na obra, Roger reflete também sobre o desenvolvimento pessoal de cada sujeito e conceitos do que é “ser humano”.

Retratando um mundo que é imaginado, mas que está no horizonte de todos nós nas redes sociais imersivas que simulam sociedades como o Discord, o Metaverso, o TikTok, entre outros, Roger dá um passo arriscado ao retratar uma tecnologia em transformação enquanto ainda estamos vivendo suas metamorfoses. “Escolhi falar desses temas porque ainda estamos só no começo dessas tecnologias e das discussões que elas geram, o que nos dá um bom tempo para assumir as rédeas do processo e conduzi-lo de uma forma saudável para os indivíduos e para a sociedade”, acrescenta. 

Ao longo das 492 páginas de “Alena Existe”, vamos acompanhar a jornada de Alena e seu reconhecimento de que apesar de todo malabarismo tecnológico, ainda somos humanos, temos nossos desejos de carne e osso, e que, como partes da natureza, precisamos de trocas verdadeiras para ter uma vida plena e saudável. Mantendo uma escrita simples, acessível e versátil, ao mesmo tempo em que toca em questões profundas, o escritor transita entre o tom poético, o humor, as cenas de ação e a estrutura de thriller. “‘Alena existe’ é um misto de aventura e mistério, com uma busca por respostas, obstáculos sendo enfrentados, revelações novas surgindo a cada momento e tudo isso conduzindo a uma grande solução final”, ressalta.

Para o autor, o mais importante é lembrar que somos nós que criamos a realidade: “Isso nos dá grandes responsabilidades, não só em relação às tecnologias em que estamos imersos (e que em grande parte ainda estamos construindo), mas também em relação à própria sociedade e suas estruturas”. E completa: “É fundamental agirmos de forma consciente e ética, discutindo e procurando maneiras de construir um futuro melhor para todos…”

Roger Dörl: “Escrever é meu propósito no mundo”

Roger Dörl nasceu em Curitiba (PR), cresceu em Joaçaba (SC) e hoje vive em Brasília (DF). Escreve desde criança. Começou através da poesia e, a seguir, também se aventurou no mundo dos contos. Tem formação em teatro e é especialista na área de Letras, além de pesquisador da Filosofia, Psicologia e Espiritualidade. Atualmente, realizou o sonho de muitos artistas que é trabalhar exclusivamente com música e literatura.

Nem por isso, “Alena existe”, seu primeiro livro, nasceu facilmente: o processo de escrita levou cerca de um ano e meio. “Eu ainda trabalhava como redator para web. Então, depois de escrever o dia inteiro para blogs de empresas, eu me obrigava a escrever no mínimo uma página do livro, e assim, fui vendo a história tomar forma”, conta.  

“Escrever e publicar este livro significa ter alcançado o maior e mais antigo objetivo profissional e, se podemos falar em algo assim, meu próprio propósito no mundo”, comemora Roger. A escolha pelo gênero da fantasia especulativa vem do interesse antigo pela literatura e cinema de ficção científica, além de histórias de mistério, fantasia e aventura. E é daí que surgiram suas principais referências literárias, como C. S. Lewis, George R. R. Martin, Ray Bradbury e Stephen King. 

Sobre os projetos futuros, Roger afirma que entrou numa fase de produção constante. Seu objetivo agora é tirar projetos antigos da gaveta e desenvolver histórias curtas para estruturas de futuras obras. Além disso, ele pretende compartilhar contos gratuitos em seu site e plataformas como Wattpad ou mesmo a Amazon e Kobo como um “aquecimento” antes de sair o próximo livro. “É bem provável, também, que acabe explorando um pouco mais o universo de Alena antes de partir para o próximo romance, então, devem vir por aí novas histórias que se passam em Um Mundo e no Masterverso”, informa.

Leia alguns trechos de “Alena existe”:

“Não existe razão para acharmos que aquilo que imaginamos, ou que está ‘apenas’ em nossa cabeça, é menos ‘verdade’ do que aquilo que experimentamos na realidade exterior. Há muitas provas científicas de que pensar em um movimento ou realizá-lo com o corpo físico são informações exatamente iguais para o cérebro. (pág. 15)”

“É como se eu estivesse o tempo todo pelo avesso. Sabe, nem todos os meus pensamentos ou sentimentos vão virar comportamentos ou ações. Aliás, eu tenho a impressão, às vezes, de que nem todos os meus pensamentos ou sentimentos sequer são meus, exatamente. Quer dizer, eu posso me sentir mal por um segundo diante de um fato, por exemplo, e depois esse sentimento nunca mais aparecer, não é?” (pág. 19)

“Você falou em amor à realidade física, e eu acho que o que eu sinto é um amor absoluto e incondicional pela realidade como um todo. Com todos os seus defeitos, incluindo o Master, incluindo a poeira nas calçadas, incluindo a falta que algumas pessoas me fazem. O que pode ser melhorado também é perfeito, sabe? Simplesmente porque é o que existe, em vez de todo um mar de possibilidades que poderia estar no seu lugar.” (pág. 262)

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