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O Poder de um Bispado: Luz (MG), 100 anos

A história do município de Luz é estrela na história mineira, enriquecida pelos personagens e paisagens sertanejos da banda esquerda do “Rio da Integração Nacional”, o São Francisco, que corta mais de 50 quilômetros de divisa a leste. Vizinhos: Arcos, Bambuí, Bom Despacho, Córrego Danta, Dores do Indaiá, Estrela do Indaiá, Iguatama, Japaraíba, Lagoa da Prata e Moema.

Bela Igreja Matriz de Luz (MG) – DIVULGAÇÃO/PREFEITURA

Por volta de 1780, a afluência dos bandeirantes e a passagem da Picada de Goiás trouxeram Caetano Marques Tavares (Cocais) e João Teixeira de Camargos. Os dois ocuparam sesmarias onde é o município de Luz, e divergiam quanto à divisa. Diante da promessa da esposa de Camargos de construir no local uma capela em homenagem a Nossa Senhora da Luz, para que os iluminasse e não criassem conflito “de morte”, nasceu ali o arraial com o nome de Nossa Senhora da Luz do Aterrado, onde fizeram um aterro para represar água.

O Vaticano solicitou ao arcebispo de Mariana, Dom Silvério Gomes Pimenta (1840/1922), que escolhesse um lugar no oeste mineiro para sede de nova diocese. Diante da recusa das cidades em aceitar, o pároco Joaquim das Neves Parreiras (1841/1941) perguntou ao arcebispo se um arraial poderia ser sede de diocese; este consultou o Vaticano, e o padre os aterradenses e todos aceitaram o desafio. Em 1918, a bravura, inteligência e empreendedorismo de Parreiras, marcada pela bravura aterradense, e a amizade ao arcebispo, a bula papal Romanis Pontificibus, de 8 de julho de 1918, de Bento XV (1854/1922), criaram a diocese no arraial, caso único no mundo, para o espanto de muitos e a vitória de um povo aguerrido e esperançoso, que acreditou no futuro.

O distrito pertencia a Indayá (Dores do Indaiá), uma das melhores cidades de Minas no início de século XX, que deu a Minas grandes talentos nas artes, na economia, na política… Aterrado era longe, nos cafundós da província, no sertão outrora povoado pelos Tapuias, com florestas de transição entre a mata Atlântica e o cerrado, e profunda vontade de crescer e aparecer. Cidade caipira, mas intelectual e espiritual. A matriz foi ampliada e virou catedral. Com a inauguração do Palácio Episcopal em 1921 e a chegada do bispo Dom Manoel Nunes Coelho (1884/1967) em 10 de abril, tudo mudou.

Em 1922 o Sr. bispo, acompanhado do vigário da paróquia de São José (BH) e do deputado estadual Euler de Sales Coelho (1895/1956), procurou o presidente do estado, Raul Soares de Moura (1877/1924), para uma visita de cortesia pela sua eleição. Raul Soares não abriria mão de Aterrado continuar arraial. Sem sucesso, o bispo foi ao presidente da República, o dileto amigo Artur da Silva Bernardes (1875/1955), no Palácio do Catete, Rio de Janeiro, eleito com o apoio e a amizade de Dom Manoel. O presidente o recebeu com honras. Dom Manoel pediu ao amigo-presidente apoio junto a Raul Soares, para que na nova reforma administrativa do estado, no ano seguinte, colocasse o arraial na pauta da emancipação. Com a influência presidencial, a Lei Estadual n. 843, de 7 de setembro de 1823, criou o município de LUZ, que tem entre os 36 mineiros o privilégio de fazer aniversário no Dia da Pátria, como Coromandel, Ibiá, Itabirito, Manga, Miraí, Pedro Leopoldo e Virginópolis (terra de Dom Manoel).

Além da Diocese de Luz (1960) ter sido implantada num arraial, Luz tem outros eventos pioneiros: o primeiro rodeio realizado no país há 80 anos; e orgulha-se de ter a maior fábrica de pão de queijo do mundo, a Maricota Alimentos, e IDH de 0,801. A Câmara foi instalada no dia 16 de março de 1924, o primeiro presidente e agente executivo (prefeito) foi o capitão Alexandre Sercupino d’Oliveira Dú (1885/1943); o atual é a vereadora Simone Cardoso da Silva (1961).

Na terra de Ronaldo (1942) e Élcio Costa Couto (1937/1991) e Dom Vicente Joaquim Zico (1927/2015) o título de prefeito veio com Pedro Cardoso da Silva (Dr. Peri) em 1930. Agostinho Carlos de Oliveira (1963) é o prefeito do Centenário.