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O Trinity College e as “Taquaras Rachadas”

POR ROBERTO BRANDÃO

Assistindo a um filme na TV, fui remetido para a cidade de Hartford, Connecticut, e para o Trinity College, onde estudei em 1965 e onde nada havia mudado.

Através das situações do filme, fiz um passeio formidável, cheio de boas lembranças e fortíssimas recordações de um tempo de estudante, com certeza, a melhor época de nossas vidas. 

Com os colegas de “fraternity” – em bom português, de ‘república’ -, Sandy Hance e Joey Bishop, respectivamente, estudantes de Economia e Agronomia, atravessava toda manhã o grande espaço aberto do campus para nossas aulas em diferentes prédios da enorme Universidade. Eu fazia de Direito.  Era inverno e as temperaturas não chegavam nunca aos zero grau, estavam sempre abaixo. Despreparado para tal situação, eu vestia uma camiseta de mangas curtas, uma camisa leve e calças jeans, mais um puloverzinho tricotado pela mamãe, que mal me aqueciam, mas, eram complementados por um cachecol de lã e uma jaqueta de couro, emprestados pelos companheiros da casa. Almoçávamos na cantina da Escola e, à noite, lá mesmo, tomávamos um lanche com café quente e ralo e umas sessões comigo no violão tocando canções folclóricas e “american countries”. De vez em quando, rolavam umas cervejinhas, contrabandeadas de uma Grocery Store, muito bem localizada em frente à entrada principal.

Foi numa daquelas noites geladas que passei a mão no violão – que havia deixado dentro do estojo, em cima de um aquecedor de ambientes – e saí para a noite gelada. Ouvi os estalos da madeira dentro da caixa e fiquei imaginando o que teria acontecido. Ainda em casa, não me surpreendi com o tampo e as laterais rachadas, pelo efeito do choque térmico. Sofri, mas, não me intimidei, pois saí e continuei tocando e cantando, com ele e com a minha voz também rachada, e assim foi em toda a minha temporada nas terras do Tio Sam. E até fizemos algum sucesso em Chicago, Putney/Vermont e em Nova York.  Que vida boa, sô!