Um caso recente ocorrido em Castelo de Paiva, uma pequena vila no norte de Portugal, reacendeu o debate sobre a xenofobia no país e a forma como o sistema judicial lida com denúncias desse tipo. Uma menina luso-brasileira foi alvo de ofensas xenofóbicas, sendo comparada a um nome de conotação pejorativa, sob a alegação de que “toda brasileira seria” dessa forma. O episódio trouxe à tona questionamentos sobre a postura das autoridades portuguesas diante da discriminação contra imigrantes.
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O pai da menina, indignado com o ocorrido, apresentou uma queixa junto à GNR (Guarda Nacional Republicana), que encaminhou o caso para investigação. No entanto, ao chegar ao tribunal, a família se deparou com uma série de barreiras burocráticas e financeiras para que a denúncia fosse levada adiante. O tribunal não apenas impôs uma taxa de 100 euros para o andamento do caso, como também exigiu a contratação de um advogado, aumentando significativamente os custos para a vítima.
Para agravar a situação, a justiça portuguesa retirou o caráter de xenofobia da denúncia, tratando-a como calúnia. Essa decisão gerou indignação entre aqueles que acompanham o caso, levantando questionamentos sobre a real disposição das autoridades em combater crimes de ódio e discriminação racial ou cultural. A postura do tribunal reflete uma tendência preocupante em Portugal, onde casos de xenofobia frequentemente enfrentam dificuldades para serem reconhecidos e punidos de forma adequada.
Diante desse cenário, o pai da menina decidiu buscar justiça no Brasil, onde já deu início ao processo judicial. Especialistas apontam que, se a ação for bem-sucedida, poderá criar um precedente importante para brasileiros que enfrentam discriminação no exterior. O caso também coloca Portugal sob escrutínio internacional, especialmente em um momento em que o país tenta se consolidar como um destino acolhedor para imigrantes e investidores estrangeiros.
Organizações de defesa dos direitos humanos alertam que a falta de rigor no combate à xenofobia pode reforçar a impunidade e desestimular vítimas a denunciarem situações semelhantes. A imposição de custos elevados e barreiras burocráticas para quem busca justiça pode servir como um mecanismo de dissuasão, afastando ainda mais os imigrantes do sistema legal português.