Moradores de Tejuco, Marinhos e Ribeirão, em Brumadinho (MG), compartilham suas vivências em produções inéditas de comunicação popular

Já estão no ar o curta Escuta Pra Cê Vê e dois episódios de podcast produzidos por moradores dos territórios de Tejuco, Marinhos e Ribeirão, em Brumadinho (MG). As obras foram criadas a partir de vivências coletivas promovidas pelo projeto Rede Soa Sirene: Comunicação Popular em Comunidades Vulneráveis à Mineração, realizado com recursos do Convênio nº 930113/2022, oriundo da Emenda nº 39160013, disponibilizada pela deputada federal Áurea Carolina.
Com foco na escuta, na memória e na valorização das identidades locais, o projeto promoveu oficinas de formação em podcast com crianças, adolescentes, jovens e adultos das comunidades. Durante os encontros, os participantes vivenciaram práticas de captação sonora, entrevistas e construção de roteiros, partindo de temas levantados coletivamente. O resultado são produções que ampliam vozes, fortalecem vínculos comunitários e reforçam a potência da comunicação popular.
“O Projeto Rede Soa Sirene é fundamental porque fortalece o direito à comunicação em territórios historicamente silenciados, oferecendo ferramentas para que moradores de comunidades vulneráveis à mineração possam contar suas próprias histórias, do seu jeito, com sua voz. Mais do que ensinar técnicas de gravação ou edição, o projeto promove escuta, pertencimento e autonomia, mostrando que comunicar também é uma forma de existir, resistir e transformar realidades.”, comenta Thamira Bastos, coordenadora geral do Projeto.
“Escuta Pra Cê Vê”: um filme para sentir com os ouvidos
O curta-metragem Escuta Pra Cê Vê convida o público a uma experiência sensorial que desloca o olhar e privilegia a escuta. Com ambientação sonora detalhada, o documentário conduz a narrativa por meio de sons do cotidiano — conversas, risos, passos e ruídos urbanos — provocando o espectador a imaginar as cenas com base no que ouve.
Mais do que uma proposta artística, o filme é um gesto de inclusão. Ao priorizar o som, torna-se acessível a pessoas com deficiência visual e propõe a todos uma nova forma de se relacionar com o audiovisual. As vozes dos moradores ganham protagonismo e revelam histórias, afetos e memórias que muitas vezes não encontram espaço nas mídias tradicionais.
O curta-metragem está disponível completo gratuitamente no YouTube: ESCUTA PRA CÊ VÊ
Também é possível encontrar as versões com acessibilidade no canal do Coletivo (Canal Coletivo MICA)

Podcast e oficinas: criar, escutar e comunicar
As oficinas de podcast realizadas nas duas comunidades foram espaços de encontro e criação coletiva. Com participação ativa de moradores de diversas faixas etárias, as atividades incentivaram o uso da comunicação como ferramenta de expressão, autonomia e resistência. Os participantes experimentaram diferentes linguagens sonoras e criaram conteúdos a partir de suas próprias vivências, fortalecendo o sentimento de pertencimento e a construção de narrativas locais.
Como parte do projeto, foi elaborada uma apostila com orientações práticas para a criação e divulgação de podcasts em plataformas digitais. O material foi distribuído em versão impressa durante as oficinas e agora também está disponível online (acesse aqui), ampliando o acesso à metodologia e incentivando novas iniciativas comunitárias.
Os episódios do podcast estão disponíveis gratuitamente no Spotify: https://open.spotify.com/show/2Cqf7KJzKIfnj6vx8pXnd6

Sobre o Coletivo MICA
Desde 2015, o Coletivo MICA atua com foco na educação social, comunicação popular e valorização de identidades e culturas. Seu principal objetivo é contribuir para a emancipação humana por meio de ações ligadas à arte, à cultura e à comunicação social. Entre suas frentes de atuação, destacam-se o fomento a valores identitários e culturais — incluindo o patrimônio histórico, artístico, material e imaterial — e a consolidação da cidadania, dos direitos humanos e da democracia.
Ao longo desses anos, o MICA tem promovido iniciativas em comunidades periféricas de Minas Gerais, com ênfase na defesa do Direito à Comunicação, um direito humano fundamental historicamente negado a grande parte da população. A proposta do coletivo é abrir espaços de escuta e criação para pessoas que, muitas vezes, têm suas vozes silenciadas por fatores como idade, crença, cor, gênero ou classe social. Ao incentivar a produção de conteúdo a partir das próprias vivências, o MICA reafirma a potência da comunicação popular como ferramenta de expressão, transformação e pertencimento.
Em 2024, o grupo desenvolveu mais uma importante iniciativa: o projeto Rede Soa Sirene: Comunicação Popular em Comunidades Vulneráveis à Mineração, realizado no âmbito do Termo de Fomento nº 930113/2022. Nesta edição, o projeto chegou aos territórios de Tejuco e Marinhos, em Brumadinho (MG), onde foram realizadas duas oficinas de podcast voltadas para crianças, adolescentes, jovens e adultos moradores das comunidades. Os encontros propuseram vivências práticas com experimentações sonoras, entrevistas e gravações feitas pelos próprios participantes, a partir de temas e reflexões construídos coletivamente.
Crédito das imagens: Divulgação.