Na véspera do dia do Padroeiro da Cidade, o roteiro histórico gratuito aborda o bairro de Oswaldo Cruz, na zona norte do Rio de Janeiro, marcado por uma forte presença cultural afro-brasileira e de enormes contribuições ao Carnaval e a música popular brasileira
19 de janeiro, Oswaldo Cruz–RJ
Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e estúdio M’Baraká apresentam “Rolé Oswaldo Cruz – Festa e Resistência”.
O passeio cultural gratuito acontece no dia 19 de janeiro, às 10h e vai explorar as ruas do bairro de Oswaldo Cruz, formada ao redor da antiga Estação Ferroviária de Rio das Pedras. A região foi movimentada por migrantes do Vale do Paraíba e por deslocamentos do Centro devido às reformas urbanas promovidas pelo prefeito Pereira Passos, no início do século XX. Em 1917, o bairro foi renomeado em homenagem ao sanitarista Oswaldo Cruz.
Durante o percurso, serão visitados logradouros, móveis urbanos e espaços culturais que contam histórias de resistência, memória e reuniões afro centradas. O objetivo desse Rolé é proporcionar uma nova forma de enxergar o espaço público, destacando os saberes e práticas culturais preservadas pelas comunidades periféricas que formam a identidade do bairro.
A data escolhida, véspera do Dia do Padroeiro da Cidade – e da Portela, não foi escolhida à toa. “Esse Rolé é muito esperado por todos, e caminhar por um bairro como Oswaldo Cruz contando as muitas camadas de histórias que se entrelaçam pela fé, pela ancestralidade e pela produção cultural ali é um marco”, explica Beatriz Novellino, coordenadora e apresentadora do projeto.
A herança cultural afro-brasileira é o coração do bairro, que abriga uma das mais tradicionais agremiações carnavalescas de nosso país, a centenária escola de samba Portela, referência no Carnaval carioca e na música nacional. A importância da Portela é reconhecida por uma lei municipal, que estabelece o Perímetro Cultural de Oswaldo Cruz, protegendo os espaços históricos ligados à escola e ao bairro, e é no Portelão que o Rolé encerra seu trajeto, com samba e feijoada!
“Realizar esse passeio próximo a uma data tão importante para a cidade é também um exercício a descentralizar o olhar, reconhecendo que diversas outras regiões têm relevância e guardam histórias que merecem ser contadas. E quando falamos da Portela, nosso último ponto do roteiro e um dos temas centrais do passeio, tem também São Sebastião como padroeiro. A celebração tá mais que garantida”, conclui Beatriz.
Rolé Carioca: Uma experiência decolonial
Além de celebrar a cultura, o passeio contextualiza o papel de Oswaldo Cruz na formação da cidade do Rio de Janeiro, desde o início do século XX até os dias atuais. A caminhada convida os participantes a refletirem sobre as transformações do Centro, dos subúrbios e das favelas, e como esses territórios resistem e se reinventam a partir de suas raízes culturais. O trajeto focado em Oswaldo Cruz destaca a alegria e a resistência como marcas de sua história. Inserido em uma narrativa decolonial e contra-hegemônica, o passeio reafirma o poder cultural do bairro, onde a monumentalidade dialoga com a diversidade das representações culturais.
Mais sobre o roteiro do passeio pelo Bairro Oswaldo Cruz
O passeio segue um roteiro cuidadosamente planejado para explorar a riqueza cultural e histórica de Oswaldo Cruz. O ponto de partida é a Estação Ferroviária Oswaldo Cruz, marco inicial do processo de formação dos subúrbios cariocas e testemunha da ocupação da região no início do século XX. Em seguida, o grupo visita à Casa de Dona Esther, residência de Esther Maria Rodrigues, uma importante liderança local que, no início do século passado, acolhia reuniões e festas da comunidade. Este espaço era um ponto de encontro para jongueiros e sambistas que se organizavam para levar suas manifestações culturais às ruas. A próxima parada é a Estrada do Portela, uma das principais vias de circulação entre Madureira e Oswaldo Cruz. O nome da via remete ao antigo Engenho do Portela, que inspirou a criação da Escola de Samba Portela, um dos maiores ícones do Carnaval carioca. O passeio inclui ainda uma visita à Portelinha, uma das primeiras sedes da Portela, onde a escola deu seus primeiros passos rumo à grandiosidade que conquistou. Logo após, os participantes conhecem a Praça Paulo da Portela, homenagem ao lendário Paulo Benjamin de Oliveira, a maior liderança popular da região e figura essencial na história da escola e do bairro. O roteiro destaca também o Bloco Afro Agbara Dudu, celebrado como uma das mais representativas entidades do movimento negro na luta contra o racismo no Rio de Janeiro. Outro ponto de destaque é a Rua Clara Nunes, rebatizada em homenagem à cantora mineira e ícone da Portela, Clara Nunes. É nessa rua que está localizada na atual quadra da escola de samba. Por fim, o trajeto leva ao Portelão, sede oficial da Portela, onde são realizadas diversas atividades culturais, incluindo ensaios, rodas de samba, shows e as tradicionais cortes de samba-enredo.
E é aí que o Rolé ganha ares festivos. Tradicionalmente o projeto tem sua agenda iniciada entre abril e maio, mas essa edição em janeiro será merecidamente festejada na Quadra da Portela, com samba e feijoada. Além disso, o projeto promete distribuir brindes perfeitos para o carioca mesclar o verão com a história da cidade.
Mais sobre o projeto Rolé Carioca
O Rolé Carioca é um projeto de educação patrimonial que cataloga e divulga o patrimônio histórico, natural e cultural de diversas cidades do Brasil, estimulando uma relação em que a história fortalece a identificação das pessoas com as histórias das suas cidades. Realizado desde 2013, o Rolé Carioca atingiu a marca de mais de 65 roteiros na cidade do Rio de Janeiro, promoveu as histórias da cidade para mais de 20 mil pessoas, passou por mais de 600 pontos mapeados da cidade e gerou mais de R$ 25 milhões em mídia espontânea.
Desde 2016, o Rolé ganhou uma versão nacional e levou centenas de pessoas para roteiros históricos em Manaus, São Paulo, Salvador, Florianópolis, Belo Horizonte, Aracaju, Recife, Fortaleza e Vilha Velha. Com o passar do tempo, o projeto conquistou diversos prêmios e reconhecimentos. Entre eles, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade em 2019 pelo IPHAN, o Diploma Heloneida Studart de Cultura e o Prêmio Zumbi dos Palmares em 2023 pela ALERJ. Além disso, o Rolé Carioca investiu na criação de novos produtos para ampliar a disseminação dos conteúdos gerados. No audiovisual, o Rolé oferece no seu canal do YouTube mini documentários que contam com entrevistas e visitas às histórias de lugares importantes para a cidade, além de curiosidades e vídeo oficinas voltadas para professores utilizarem os conteúdos em sala de aula. Em 2023 foi lançado um jogo de cartas para propor o aprendizado de forma lúdica, onde os jogadores são convidados a criar roteiros, descobrir lugares a partir de dicas ou reorganizar a ordem histórica de acontecimentos.
O projeto é o idealizador ainda do Mapa de Memórias: Uma plataforma digital que quer apresentar o Rio de Janeiro através das suas vivências na cidade. O museu da pessoa carioca, formado por relatos enviados por todos.
A edição do projeto cultural “Rolé Carioca” é uma realização da M’Baraká, do Ministério da Cultura e do Governo Federal União e Reconstrução, através da Lei de Incentivo à Cultura, com apoio da Praticagem Guanabara, co-patrocínio da Riocard Mais e patrocínio da First RH Group, White Martins, Instituto Yduqs, Estácio, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei ISS.
Instagram: @rolecarioca
Imagens: https://youtu.be/G4mvxv8S2Gg
Serviço
Rolé Carioca “Oswaldo Cruz – Festa e Resistência”
Gratuito
Horário: 10h
Data: 19 de janeiro de 2025, Domingo
Local do ponto de encontro: Em frente à estação de Oswaldo Cruz
Ponto de encontro extra: Central do Brasil às 8h (Procurar pela equipe de camiseta laranja)
Endereço: Rua. Carolina Machado, n° 1.376, Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro–RJ
Créditos das fotos: Thiago Diniz