A história da região recontada em cada garrafa
É fato que, desde os tempos de isolamento da Covid, os brasileiros passaram a beber mais e melhor, aguçando seu paladar por vinhos de qualidade. Com base nisso, a Associação Turismo de Lisboa (ATL) propõe um roteiro enoturístico especial, convidando todos os entusiastas a percorrerem por sua longa história no universo da viticultura.
A rota lisboeta é uma oportunidade de aprender, vivenciar e experimentar alguns dos melhores e mais carismáticos vinhos do mundo. Sua produção é, tradicionalmente, caracterizada pela combinação de conhecimentos ancestrais, inovação, sabor e as mais belas paisagens. Da beleza desse território surge uma grandeza de solos, microclimas e topografias onde prosperam as famosas castas portuguesas, marcadas sempre por traços fortes e de caráter único.
Entre planícies, serras e rios, suas vinhas situam-se em terras que condicionam também o terroir, valorizando assim, a singularidade das diferentes uvas nas diversas regiões em que são plantadas. Tão produtiva quanto heterogênea, a região vitivinícola de Lisboa abriga várias denominações de origem controlada. Adegas como Casa Cadaval, Quinta do Sanguinhal e Casa Santos Lima proporcionam as melhores experiências.
Vinícolas
Lisboa, por si só, já concentra uma infinidade de pontos de interesse ao enoturismo. Um deles é o Parque Vinícola, responsável pela produção das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Arinto. Com área de 2 hectares e vista para o aeroporto Humberto Delgado, o local destina-se a promover a sensibilização e a educação ambiental acerca da vinha e do vinho nas tradições, na cultura e na economia nacional. A próxima parada, no Terreiro do Paço, é a ViniPortugal um espaço onde é possível provar vinhos de diferentes regiões.
Com três endereços na cidade, a Garrafeira Nacional, fundada em 1927, é uma das especialistas de maior renome em vinhos e espirituosos, com um acervo que impressiona pela alta qualidade. Na unidade Santa Justa, há um pequeno museu com os mais raros e excecionais néctares da história vitivinícola portuguesa e internacional.
E por falar em tradição, que tal desfrutar de uma bela taça em atrações icônicas, como a Torre de Belém e o Castelo de S. Jorge, enquanto aproveita a melhor vista sobre o Tejo e a cidade? A Wine with a view viabiliza essa possibilidade, vendendo suas taças em pequenas motos. Já, com função de educação, investigação e produção, a Vinha da Meia Encosta, no Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda, é a única que assume uma perspectiva absolutamente experimental, dependendo muitas vezes da ajuda de voluntários para a realização da vindima.
Sob reserva prévia, a Villa Oeiras oferece visita guiada à vinha e às adegas, com direito a provas. Uma delas é a Adega do Palácio de Marquês de Pombal — edifício do século XVIII, cuja arquitetura é atribuída a Carlos Mardel. Ali perto, a Estação Agronómica, importante berço do ilustre vinho de Carcavelos.
Limitada a oeste pelo Atlântico e a sul pela serra de Sintra, chega-se a Colares, denominação de origem controlada desde 1908. Sede da cooperativa mais antiga de Portugal, a Adega de Colares, fundada em 1931, prioriza a proteção e a preservação da cultura do vinho local, bem como às suas castas e aos seus métodos de cultivo.
Seguindo para Mafra, encontra-se a romântica Quinta de Sant’Ana. Situada junto à Tapada de Mafra, oferece uma autêntica experiência portuguesa, incluindo uma visita pelas ondulantes vinhas e finalizando com uma prova de vinhos numa impressionante adega centenária. Como se isso não bastasse, ainda é possível hospedar-se numa das cinco casas familiares do espaço. Também pode optar por experiências diferentes de enoturismo com a Manzwine.
Já em Bucelas, o destaque vai para o Museu do Vinho e da Vinha. Instalado num prédio cuja história está ligada à tradição vitivinícola local, tem o Arinto como seu vinho caraterístico e sua casta rainha da região, demarcada desde 1911.
Partindo para sul, no coração de Palmela, uma antiga adega surpreende o visitante pela beleza interior do edifício. É a Casa Mãe, central de informação enoturística e de reservas para visitas guiadas nas adegas, entre outras atrações. Atua também como loja, com degustação, dos vinhos certificados.
Inserida numa paisagem especial, a Quinta da Bacalhôa remete ao início do século XIV, tendo sido embelezada, ao longo dos tempos, com azulejos portugueses evocando desenhos mouriscos. Lá, é possível ver peças únicas da coleção de arte privada do Comendador Berardo, passando pelos jardins e vinhas, onde destaca-se o primeiro azulejo datado em Portugal. O museu dispõe, também, de uma sala de provas onde o visitante pode experimentar o vinho enquanto admira o horizonte. Ainda em Azeitão, há de se conhecer a bela Casa Museu Jose Maria da Fonseca e provar alguns de seus famosos vinhos. O trajeto começa com uma breve explicação sobre a história da empresa, seguindo-se a visita aos locais onde estagia o popular Periquita e onde repousam os mais antigos Moscatéis de Setúbal, entre os quais, algumas verdadeiras relíquias com mais de um século.
Finalizando, há a possibilidade de fazer o Percurso Pedestre Jardins de Vinhas na região, uma rota de 11 km, com duração de três horas, que leva os visitantes a conhecerem as várias castas caraterísticas do local a partir de adegas como a Fernão PÓ e Filipe Palhoça.
Sobre a Associação Turismo de Lisboa (ATL)
Fundada em 1998, a ATL é uma organização sem fins lucrativos constituída através de uma aliança entre entidades públicas e privadas que operam no setor do turismo. Atualmente conta com cerca de 900 associados, tendo como principal objetivo melhorar e incrementar a promoção de Lisboa como destino turístico e, consequentemente, aprimorar a qualidade e competitividade. Informações: