Desde 20 de maio de 1911, na Rua Serpa Pinto (antiga Corredoura, principal rua da cidade) funciona o centenário Café Paraíso, agora reconvertido num ambiente retro modernista, correspondente à sua época áurea, os anos 40 do século XX.
Na Rua Joaquim Jacinto, antiga Rua Nova, paralela à Corredoura, situa-se a judiaria de meados do século XV, a mais antiga de Portugal.
Raríssimo exemplar dos templos judaicos medievais e da arte pré-renascentista portuguesa, a Sinagoga de Tomar é a única, dessa época, integralmente conservada ainda existente em Portugal.
Foi construída em meados do século XV propositadamente para a função religiosa, o que revela a disponibilidade financeira da comunidade judaica aqui residente, a sua pujança e a sua prosperidade.
A arquitectura do edifício, simples e com influências orientais (de planta quase quadrangular com abóbadas de arestas assentes em quatro colunas, capitéis decorados com motivos geométricos e vegetalistas e doze mísulas adossadas às paredes), está carregada de simbolismo: as mísulas representam as
Doze Tribos de Israel; as colunas assinalam as quatro Matriarcas de Israel – Sara, mulher de Abraão, sua sobrinha Rebeca, esposa de Isaac, Lea e Raquel, irmãs, filhas de Labão; e os capitéis apontam os parentescos das Matriarcas – dois iguais para as irmãs e os restantes, diferentes, para a tia e sobrinha.
Além da função para que foi edificada, serviu também como escola, assembleia e tribunal da comunidade judaica tomarense. Foi encerrada em 1496, aquando do édito manuelino de expulsão dos Judeus, após o que foi convertida em prisão; no século XVII é referida como Ermida de S. Bartolomeu; no século XIX, foi palheiro, celeiro, armazém de mercearias, adega e arrecadação.
Em 1921, na sequência de uma visita (1920) de membros da Associação de Arqueólogos Portugueses, viria a ser classificada como Monumento Nacional.
Em 1923, Samuel Schwarz, um judeu polaco engenheiro de minas chegado a Portugal seis anos antes, adquiriu a Sinagoga de Tomar, recuperando-a do estado de abandono em que se encontrava, e doou-a ao Estado Português (1939) para aí ser instalado um museu: o Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto.
O acervo do Museu é constituído por lápides funerárias provenientes de vários locais de Portugal. Escavações na sala anexa deram a conhecer moedas do tempo do reinado de D. Afonso V (1448-1481) – confirmando, assim, a data provável de construção da Sinagoga – , cerâmica de uso doméstico e o sistema de aquecimento de água para o banho ritual de purificação: Mikvah.
Há ainda objectos relacionados com a Cultura Judaica, alfaias religiosas, lembranças de visitantes e um fundo documental. O patrono do Museu, Abraão Ben Samuel Zacuto (1450- 1515), natural de Salamanca, foi astrónomo, matemático, médico e rabi.
A sua origem judaica obrigou-o a refugiar-se em Portugal, em 1492, onde o rei D. João II o colocou ao seu serviço.