Médica do Hospital Paulista ensina estratégias para evitar os enjoos e tonturas que são tão frequentes em deslocamentos de carro, avião ou navio e explica por que isso acontece
Seja de carro, avião ou navio, a cinetose pode vir a qualquer momento da sua viagem, provocando náuseas, tontura, sudorese e, em alguns casos, até vômitos. Popularmente conhecida como “enjoo de movimento”, é uma condição que pode afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, do sexo, da estrutura física ou dos hábitos alimentares. Bastar estar em movimento, que você já está sujeito ao problema.
Isso porque envolve uma questão sensorial, relacionada ao labirinto – órgão que fica no nosso ouvido interno e desempenha um papel fundamental no equilíbrio. Qualquer eventual disfunção que porventura aconteça nele pode ensejar essas reações – conforme explica a Dra. Milena Quadros, médica otorrinolaringologista do Hospital Paulista, especializada em Otoneurologia e Eletrofisiologia.
“Esses sintomas surgem quando o cérebro percebe uma discordância entre as informações enviadas pelos diferentes sistemas sensoriais do corpo. Por exemplo, quando estamos em movimento, durante uma viagem de carro, o labirinto percebe o movimento, enquanto os olhos podem estar fixos em um ponto estático, como um livro ou uma tela. Essa incompatibilidade entre as percepções pode desencadear um sinal de ‘alarme’ no cérebro, gerando grande mal-estar, que é justamente a cinetose.”
A médica afirma que essa condição é frequentemente associada a viagens porque os deslocamentos, especialmente em veículos que apresentam oscilações ou movimentos complexos, intensificam a discrepância sensorial.
“Em carros, barcos e aviões, a falta de um ponto de referência fixo e as variações constantes no movimento contribuem para a desorientação sensorial, levando ao surgimento dos sintomas. Além disso, as mudanças na velocidade e na direção durante uma viagem podem exacerbar a cinetose, tornando-a uma experiência comum para muitas pessoas nesses contextos”, destaca.
Perfis mais propensos
Embora qualquer pessoa esteja sujeita a passar por isso, a Dra. Milena explica que há grupos específicos que têm maior predisposição. É o caso das crianças, principalmente, e de pessoas com histórico de enxaqueca ou doenças do labirinto.
“Esses grupos tendem a ser mais vulneráveis devido às características específicas de seus sistemas sensoriais e emocionais. No caso das crianças, em específico, a ocorrência é mais comum porque elas ainda estão desenvolvendo seus sistemas vestibulares e de coordenação. Mas costuma parar de ocorrer com o amadurecimento do cérebro.”
Ainda segundo a médica, o estresse e a ansiedade são fatores que também podem agravar os sintomas, tornando os pacientes mais sensíveis a variações de movimento.
Dicas para evitar o problema
A quem normalmente já sente algum tipo de desconforto durante as viagens, ou mesmo a quem deseja evitá-lo previamente, a Dra. Milena revela que há várias estratégias para prevenir a cinetose e elenca abaixo as principais:
- Ajuste o ambiente durante a viagem. Tente sentar-se em um lugar onde o movimento é menos perceptível, como o assento dianteiro do carro, ou, se for um barco, no meio dele;
- Busque manter o olhar em um ponto fixo no horizonte. E evite ler ou usar dispositivos móveis;
- Opte pelas refeições leves e em pequenas quantidades antes da viagem;
- A quem já sente esse tipo de desconforto, o uso de medicamentos específicos para cinetose, como anti-histamínicos, pode prevenir ou reduzir os sintomas;
- Técnicas de relaxamento, acupressão e respiração também podem ser benéficas para algumas pessoas;
- Casos severos e recorrentes devem ser levados ao conhecimento de um médico e avaliados.
Sobre o Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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