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Silêncio: morada de Deus

POR: ÔMAR SOUKI

Pratico regularmente a contemplação silenciosa desde 2003. E, quanto mais leio sobre o tema, mais me convenço dos enormes benefícios do silêncio para o corpo, para a mente e, principalmente, para a alma. Logo no primeiro capítulo da obra A força do silêncio de Robert Sarah e Nicolas Diat (Edições Fons Sapientiae, 2019) encontrei a seguinte preciosidade de Augustin Guillerand: “A solidão e o silêncio são hóspedes da alma. Se a alma os possui, os leva consigo a todos os lugares; a alma que não os tem não os encontrará em lugar algum. Para entrar no silêncio, não é suficiente parar o movimento dos lábios e o movimento dos pensamentos. Não é aí que se cala. Calar-se é uma condição do silêncio, mas não é o silêncio. O silêncio é uma palavra, o silêncio é um pensamento. É uma palavra e um pensamento em que se concentram todas as palavras e todos os pensamentos” (p. 27).

O espaço que antecede os pensamentos—por falta de uma palavra melhor—é chamado de silêncio. Mas, na realidade o que chamamos de silêncio é a dimensão infinita de onde brota a criação. Foi por isso que Jesus nos sugeriu que para rezar devemos “entrar no quarto interior e fechar a porta; orar ao Pai em segredo; e o Pai que habita no segredo, vai nos recompensar” (Mateus 6, 6). Ele nos recompensa com a sua própria Presença, que é tudo de bom que existe. Ao ser perguntado como a pessoa pode realmente ser a imagem de Deus, Robert Sarah respondeu: “Ela deve entrar no silêncio” (p. 28).

“O silêncio é difícil, mas nos torna aptos a nos deixar conduzir por Deus. Do silêncio nasce o silêncio. Pelo Deus silencioso, podemos aceder ao silêncio. E nunca deixamos de nos surpreender pela luz que então jorra. O silêncio é mais importante que qualquer outra ação humana. Porque ele expressa a Deus. A verdadeira revolução vem do silêncio; ele nos leva a Deus e aos outros a fim de nos colocarmos, humilde e generosamente, a seu serviço” (p. 24).  Sarah comenta que nós gostamos de visitar terras distantes, inovar e fazer descobertas. Porém, enquanto fazemos esses movimentos permanecemos longe de nós mesmos, longe de Deus, que silenciosamente habita em nossa alma.

“Mediante a Sagrada Escritura, ouvida e ruminada em silêncio, as graças divinas se derramam sobre o ser humano. É na fé, e não percorrendo países remotos ou atravessando mares e continentes, que podemos encontrar e contemplar Deus. Na verdade, será perscrutando por longas horas as Escrituras, depois de ter resistido a todos os ataques do príncipe deste mundo, que chegaremos a Deus. […] Se o silêncio não habita a pessoa, e se a solidão não é um estado em que ela se deixa moldar, a criatura fica privada de Deus. Não há lugar no mundo onde Deus esteja mais presente que no coração humano. O coração realmente é a morada de Deus, o templo do silêncio” (p. 29).

Crédito da foto: Pixabay