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Aeroporto de Congonhas: Incompetência paralisa aviação por 72 horas

Anac omissa: Voo de milionário em Congonhas criou caos até no Santos Dumont

Por Cláudio Magnavita, diretor de redação do Correio da Manhã e ex-Presidente Nacional da ABRAJET

O que ocorreu em Congonhas na segunda foi um absurdo. Paralisar o principal aeroporto central do país, colapsando todo o tráfego aéreo da região Sudeste por conta de um acidente com uma aeronave executiva, demonstra dois grandes erros das autoridades da aviação comercial. O primeiro deles foi a incapacidade de, rapidamente, devolver o aeródromo aos voos regulares. O passo número dois seria analisar a integridade da pista utilizada. Compreender o incidente com a aeronave estacionada na cabeceira da pista é uma sandice. Vivemos em um mundo digital e os registros poderiam ser feitos em diferentes ângulos, sem prejudicar a investigação, e, didaticamente, os resultados seriam usados para melhorar as normas de segurança.

O pequeno jato executivo ficou lá parado durante horas. Centenas de voos foram afetados e prejudicaram milhares de usuários. É justo isso? Quem vai ressarcir o prejuízo das empresas aéreas? Quem vai ressarcir o prejuízo de milhares de passageiros e empresas que tiveram suas viagens colapsadas? Enquanto o caos se instalava em Congonhas — e até no Santos Dumont — os trabalhos no entorno da aeronave acidentada eram feitos com uma morosidade quase proposital. Por onde andavam o DECEA e a ANAC?

Outro erro revelado é o uso de Congonhas por aeronaves privadas. Este acidente revela que a aviação executiva tem que ser varrida do aeroporto. Só deveriam ser aceitos, como exceção, voos que utilizassem a pista auxiliar, e não a principal.

Congonhas é um aeroporto repleto de limitações físicas. Já foi cenário de dois terríveis acidentes fatais. Medidas duras — e até extremas — foram adotadas. Mas ele continua sendo uma artéria fundamental no fluxo aéreo nacional. Foi revelada uma fragilidade inaceitável e uma capacidade de reação absolutamente incompetente.

O que ocorreu afetou milhares; pelo privilégio de dois passageiros que, usando um slot de Congonhas, vieram a prejudicar a aviação nacional por 72 horas. Com a palavra a omissa ANAC!

Crédito: Pixabay