Marco Aurélio Guimarães: rara união entre perfeição técnica e criação sublime

TEXTO E FOTOS POR ROGERIO ZOLA SANTIAGO: CRÍTICO PELA INDIANA UNIVERSITY, USA

Poucas vezes temos a chance de travar contato com um artista e sua obra num patamar de excelência como o de Marco Aurélio Guimarães. Importando mármore da Europa, ele, dotado de certa verve “michelangelical”, não mede esforços para atingir metas arrojadas em tamanho, peso (toneladas) e qualidade.

Na atual exposição no Palácio da Liberdade, podem ser apreciadas as obras do referido artista dispostas pelo curador Rodrigo Câmara de modo a levar ao público preciosa maneira de ler as mensagens do virtuoso Guimarães com suas obras sedutoras. Nas salas do Palácio, viajamos numa cruz em cujas extremidades laterais estão em mármore, ouro, madeira e bronze, a apresentação triunfal da Vida (à esquerda da entrada) e da Finitude (à direita).

O visitante se torna parte da impactante reflexão do escultor sobre o Amor, a Juventude desde a tenra idade e, finalmente, a Morte. Marco Aurélio também inclui um Globo terrestre de rara beleza, o que universaliza sua postura enigmática. Há três corpos agigantados, um masculino, um feminino e um menino; há inocência, lascívia e luxúria e, também, certa indiferença associada à crueldade da passagem do inexorável Tempo.

Ao fundo e ao longo do sofisticado espaço da mega-mostra, a curadoria dispôs esculturas de figuras humanas afrobrasileiras e indígenas, ao lado de personagens icônicos da História da Humanidade: o pugilista derrotado, um gladiador, jovens faceiras em momento vaidoso, e até um Tiradentes, representando o heroísmo da populaçao mineira em busca de Liberdade. Poucas vezes a palavra “imperdível” se aplica a uma exposição com tamanha propriedade. Rogério Zola Santiago, Mestre pela Indiana University, USA