Por: Simone Von Randrow e Antônio Claret Guerra – Editor Geral
Artistas ceramistas celebram o modernismo mineiro
Inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade, a exposição “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo” propõe uma curadoria provocativa.
A Artista Plástica Lídia Miquelão articulou um grupo de ceramistas mineiros de altíssimo nível e, junto com a curadora Simone Von Randow pensaram a exposição “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. As obras e artistas convidados remetem naturalmente aos elementos da geografia e cultura mineiras: serras, solo, vales, feridas históricas e sonhos poéticos. Expressam ainda boa dose de afeto e o preciosismo técnico de cada artista, em peças únicas.
Os grandes temas da cena artística contemporânea brasileira estão todos lá: a reflexão sobre os riscos na chamada zona mineralógica: registros das serras, montanhas, solo e plantas nas peças de Eliane Maia.
A urgência da revisão historiográfica relativa aos povos originários se faz presente nas obras das artistas Djenane Vera e Regina Paula Mota. A arte sacra, tão singular em Minas, surge revisitada – barroco contemporâneo forjado pelas mãos de Ângela Costa, Bernadette Santiago, Djenane Vera, Marlucia Temponi e Renan Florindo.
Nas peças das artistas Diva Dias, Enilda Felicio, Magaly Cabral, o público pode apreciar as variações do solo mineiro que dão forma às figuras femininas, arquétipo de gaia primitiva, doadora da vida.
Os artistas Denis Medeiros, Pat Velloso, Jane Resek mostram peças que são a sofisticação do gesto humano primordial: criar ferramentas e objetos. E num nível além do utilitário, agregaram afeto e fruição estética aos objetos, numa palavra a experiência artística.
Com a exposição coletiva “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”, a Gilda Queiroz Galeria de Arte encerra a programação de 2022, ano marcado pelo retorno das atividades culturais pós pandemia; e pelas comemorações do centenário da Semana de Arte Moderna, que tornou-se notória em Minas pela contribuição das artes literárias, sobretudo pelo conjunto das obras de Pedro Nava, de Carlos Drumondd de Andrade e de Guimarães Rosa.
As artes plásticas em diálogo com a Literatura colocam em evidencia a força da arte em Minas, geografia que abrange culturas múltiplas, que levou Guimarães Rosa à célebre afirmação: “Minas são muitas” e Drummond, numa perspectiva existencial: “tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. A conexão entre pensamento, sentimento, técnica, cultura e o trabalho incansável das mãos resulta o fazer artístico, acessível e aberto ao público. Estão todos convidados a viver e sentir essa experiência.
Simone Von Randow – Produção e Curadoria. Celina Lage – Curadora convidada. Geraldo Peixoto – Montagem. Romulo Rodrigues – Montagem, Fotografia e Curadoria. Manoel Hagen – Assistente de mídia
Visitação até 10/12/22 – 14h00 às 19h00 – Gilda Queiroz Galeria de Arte – Rua Manaus, 52 Sala 303 – Santa Efigênia
Crédito das fotos: Divulgação